quarta-feira, 10 de março de 2010

Saber pedir


Em meio a tantos ditados populares, tem um que é direto, objetivo mesmo: “Fé demais não cheira bem”. Confesso que sou meio cética (ou cética e meia), em relação à fé, principalmente, no que se refere ao pedir (por que fé, ao que parece, representa o meio de pedir do ser humano que já não vê outra saída, ou entrada).
Acho que essa ‘coisa’ de pedir (aos deuses, aos anjos, aos duendes, às bruxas, ou aos seres invisíveis que aparecerem) é complicada... Acho que temos de saber pedir. Explico: hoje, podemos desejar ardentemente alguma coisa, ou alguém. Mas amanhã – será que continuaremos desejando?... Por que amanhã podemos conhecer coisas e pessoas diferentes, que podem até nos fazer esquecer os desejos antigos.
Quem pede, e acaba conseguindo, tem de assumir a “conquista”. Por isso, acho que saber pedir é tudo - mais até que alcançar o tão desejado “objeto”.
Pra mim, desejar e conseguir são duas ‘coisas’ completamente diferentes. Acho que desejar é imaginar, enquanto conseguir é vivenciar o que imaginava desejar. Aliás, aí reside o perigo de pedir o que não desejava tanto, ou nem sabia o que exatamente desejava.
Acho que, numa vida inteira, são raríssimas as criaturas com quem sonhamos envelhecer junto. Por isso, mais uma vez, é preciso cuidado, ao pedir, seja o que for... Vai que, num desses pedidos que fazemos, aleatoriamente, o universo tá em dia de folga, e resolve conspirar a nosso favor, e nos atender?... eu hein?...
Na minha vidinha medíocre, eu divido a minha fé entre algumas ‘coisas’ que acredito: intenções, causa e efeito (bumerangue), e merecimento. De verdade, sem verdade alguma, penso que a gente está sempre caminhando, e buscando o próprio destino. Não creio em destino prontinho nos aguardando, lá adiante, com laço de presente, em papel vermelho reluzente. Não. Destino, pra mim, é o nosso caminho – aquele que escolhemos caminhar, ou não.
Por isso tudo, com mais uma dose dupla (tripla) reforçada de precaução, não costumo pedir (aos céus?) algo específico. Só desejo o que me seja justo, e assim também peço a todos nós, humanidade. Talvez, eu tenha perdido muito, sem buscar a folguinha da conspiração do universo. Talvez, eu tenha me arrependido menos, se recebo pelo que faço (ou deixo de fazer) pra merecer, desconstruindo e construindo meu destino, a cada dia, ou noite. Ou, talvez, nada disso...
“Lugar ao sol”?... Eu quero mais é um lugarzinho à sombra. Em qualquer lugar. Não exijo, nem peço... Tô só no aguardo... hehehehehehehehe
(Em tempo: o depois pode chegar com leite derramado, ou, mais que isso, a vaca inteirinha indo pro brejo... e não adianta chorar...)

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