terça-feira, 24 de agosto de 2010

Ambições & Poderes

Ambições & poderes – duas palavrinhas que, na minha insignificante opinião, resumem uma (enorme e convincente) parte da história humana. Quem não ambiciona algum poder?... Poder não pressupõe só de destaque (“status quo”). Absolutamente. Sem acusação, reconheçamos que até mesmo aquele cara dedicado à etologia, que resolve embrenhar-se na selva, para pesquisar o sibilo dos macacos, durante o sono (dos primatas, obviamente), ambiciona algum poder (o mais absurdo que possa parecer).
Ambição e poder fazem parte do ser humano. É fato. Talvez, o ‘pobrema’ esteja nos níveis e nos meios projetados e concretizados. Volto a repetir que qualquer coisa em excesso pra mim – até coca-cola, chocolate – é, de algum ou de todo jeito, pernicioso. Por isso, acho que ambição em demasia só causa ‘estrago’ mesmo, que nem remendo conserta. O abuso, não o uso, do poder também causa uma ‘merda’ tão grande, que todas as civilizações – futuras e passadas – sofrem as consequências.
O que tenho visto, nesta minha visão estrábica, é que a maioria ‘tá’ se perdendo nos valores. E não constato isso só via televisão, não. É por todo lado mesmo. As pessoas estão afoitas, e, talvez por isso, mais ambiciosas – querem logo o (algum) poder, imediatamente, a qualquer custo. “Vender a alma ao diabo” já virou frase de livrinho infantil. E parece que poucos se apercebem disso. Tem gente vendendo tudo, todo dia, enquanto o diabo corre solto.
‘Tô’ “moralista” hoje?... ‘tô’ nada... impressão sua... sabe por quê?... me falta moral, até pra eu ser “imoralista”...
Na verdade (nada absoluta), ‘tô’ é triste com tantas ambições por poderes, principalmente os meios (inteiros e enviesados) utilizados, nesse processo monstruoso. É “guerra de gigantes” mesmo. Sem focar holofotes em cima das “grandes potências mundiais”, por que não ‘tô’ me referindo a Mahmoud Ahmadinejad, nem Jalal Talabani, ou Barack Obama, Hu Jintao, Dmitry Medvedev, Jigme Khesar Wangchouck, Christian Wulff, José Eduardo dos Santos, ou sei lá mais quem. Não e não.
Todos nós, seres humanos, seguimos o mesmo caminho: ambicionamos hoje, conseguimos amanhã, e depois ambicionamos mais e mais. Com certeza, não há ser humano que tenha conseguido tudo o que ambiciona, por que sempre quer mais e mais. Acredito mesmo que o cemitério é o único lugar do fim das ambições. Se existe “vida além da vida”, haverá também mais ambições...
Lembro que, numa entrevista na televisão, Dercy Gonçalves (a artista dos palavrões) disse que o idioma mundial é o dinheiro. Sobre isso, acho que o dinheiro é uma das maiores representações do poder. Apesar disso, manter este poder ($) demanda preocupações e esforços constantes. No fundo, me parece que o poder mesmo fica com o dinheiro, e não com quem o retém. Imagino que aquele que ostenta muita grana acaba se tornando escravo, deixando de curtir a vida que ambiciona, pra cuidar da fortuna.
Se ambicionar é inevitável, acho que a ambição poderia ser algo positivo, a nosso favor, sem nos deixar cegos por um poder, que, amanhã, será, certamente, superado (por um poder maior). Sensatez – talvez, essa seja a palavrinha mágica (se é que existe). Ou não.
Talvez, nós todos estejamos esquecendo ambições antigas, perdidas no tempo, na história da humanidade. Acho que estamos deixando de resgatar o poder sobre nós mesmos, e acabamos obedecendo, debil e inconscientemente, as “forças externas”, que nos empurram a consumir o que sequer gostamos, a nos vestir diferentes do que somos, a estudar e trabalhar em ambientes que nada têm a ver com a gente, tudo pra sermos aceitos, sem sermos nós mesmos. Por favor, só não me venha discursar sobre “influência, suscetibilidade, ascendência”, etc e tal, por que a última palavra é sempre de cada um – ou aceita, ou recusa. E ninguém pode assumir isso pelo outro.

...Enquanto isso, o poeta Caetano ainda canta: “...Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede são tantas vezes gestos naturais, eu quero aproximar o meu cantar vagabundo daqueles que velam pela alegria do mundo...”

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