segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Respeitemo-nos – todos nós, retardados!

Dia desses, numa das tantas filas (da vida) que não andam, ouvi comentarios de pessoas que aguardavam, irritadas, atendimento:
- E essa fila que não anda?...
- O pior é que nem adianta reclamar!...
- Os encarregados dos caixas nem se importam com a gente...
- Não nos respeitam, nos tratam como retardados...

Neste momento, parei pra pensar (já que estava numa fila enorme, à toa): Se nos tratam como retardados, não deveriam ter mais respeito ainda por nós?... Será que retardamento mudou o significado?... Voltei pra casa, fui procurar, no “amansa-burro”, o significado (atual) de retardamento:
“s.m. Ato ou efeito de retardar; retardança, atraso, demora, adiamento, procrastinação. / Estado do indivíduo mentalmente retardado. // Psicologia. Retardamento afetivo, ausência ou retardamento no desenvolvimento dos afetos, dos sentimentos, sem prejuízo do desenvolvimento da inteligência (como entre os psicopatas). // Retardamento mental, insuficiência do desenvolvimento das faculdades intelectuais. (Distinguem-se três graus: debilidade, imbecilidade e idiotia profunda, dos quais apenas o primeiro apresenta possibilidades de recuperação.) // Eletricidade. Linha de retardamento, dispositivo elétrico no qual a ação de um sinal é exercida com certo atraso em relação ao momento de sua aplicação.”

Era o que eu precisava: retardamento continua sendo o retardamento que eu havia aprendido e sabido. De um jeito ou de outro, penso eu, somos todos retardados – apesar disso, e por isso também, merecemos respeito, mais que isso, temos de nos respeitar mutuamente.
Por que somos todos retardados?... Oras carambolas, pelo simples fato de que cada ser humano é unico, e tem suas (dele) particularidades de retardamento, como também temos em nós, os mil e um sentimentos que nos contradizem, fazendo tornarmo-nos tantos, numa vida só.
Cada qual tem o proprio tempo de aprendizagem – não só de ‘coisas’ didaticas, que permanecem nos livros (à espera de uma espiadela). Tem gente que aprende rapidinho o que o outro, na lentidão que lhe é caracteristica, demora, numa agonia sem fim. Somos – mais ou menos - retardados mesmo. Todos. Respeitemo-nos – todos nós, retardados!
Já diz o poeta Caetano que “de perto, ninguém é normal”. Se assim é – sabemos disso -, por que ainda alimentamos estigmas, discriminações e dedo em riste sempre em direção ao outro?... Será que precisamos catalogar nossas ‘falhas tecnicas’, para nos reconhecermos – “na rua, na chuva, na fazenda”, nas filas?...

Eu, que, a cada dia, retardo em tantas coisas – paro, olho, escuto. Na minha lentidão, não compreendo.

3 comentários:

  1. hahahahaha! Boa, Nara. Costuma piorar daqui pra frente, mas c´est la vie...

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  2. Sem graça coisa de idiota e retardado,não sei por que li isso...

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