domingo, 26 de junho de 2011

Mudança de vida

Hoje, decidi fazer mudança de vida. E consegui!... Você nem imagina como estou me sentindo feliz!... Nem dá pra imaginar. Admito que, há muito tempo, vinha resistindo à mudança. Mas, hoje – a troco de nada mesmo -, resolvi mudar, radicalmente.
A primeira mudança foi correr atrás de (novas) noticias, para me atualizar neste ‘terreno’. Gente, sou outra pessoa!... Tanta informação, e eu, por tanto tempo, indiferente a tudo isso!... Sou outra – não há como não mudar de vida, depois de tudo que fui informada. E saber que todo dia tem mais informações – nossa!...
Ivete Sangalo emagreceu quinze quilos – como é que eu vivia, sem saber dessas coisas?... Aquela artista famosa (não guardei o nome) traiu o namorado, com aquele outro ‘famosão’ - como é mesmo o nome dele?... ‘Tô’ iniciando hoje - dá um ‘desconto’, vai. Tem outra. Aquela atriz de “As Panteras” revelou à imprensa que gosta de sexo (nossa! que revelação!). Ainda nem consigo imaginar quantas vezes por dia essa gente famosa vai ao banheiro – mas logo, logo, ficarei sabendo.
A partir de agora, vou ter assunto, em qualquer “roda social”. Todo mundo vai gostar do meu papo, e vai querer saber mais detalhes. No começo, pode até faltar ‘repertorio’. Não tem problema. ‘Jogo’ aquela famosa pergunta pelos ares: Alguém sabe o nome da ‘loirosa’ que está saindo com o “ator global”?... Todo mundo vai querer saber de quem eu ‘tô’ falando – e eu nem sei. O nome mais lembrado será o (meu) escolhido pra sair com a “loirosa” (aquela que já “ficou” com o outro ator da novela das 2, das 3, das 4, das 5, das 6, das 7, das 8, das 9, das 10 – não importa). É assunto pra um dia inteiro.
Como é que eu sobrevivi, até hoje, sem saber que Elton John já recebeu premio de “pai do ano”?... E o passeio que Daniela Winnits (nem faço ideia quem seja na vida) fez com o filho dela, no shopping?... Como é que eu não sabia disso, antes?... O casamento da modelo de 24 anos com o milionario dono da Playboy, de 85 anos, não era por amor (óóóóóóóó!!!). Ah, Luana Piovani sabe andar de bicicleta direitinho, e pedalou, no calçadão, na companhia do namorado. Depois que eu soube disso, minha vida mudou!... Sou outra, agora!...
E o filho da Thaís Araújo, que nasceu há pouco tempo? Agora, o que eu nunca imaginei era que o pai da criança, Lázaro Ramos, achasse o filho “lindo” (surpreendente!)... Gente, eu nem imaginava que esse mundareu de informações existisse!... Cauã Reymond e Grazi Massafera passearam pelo calçadão, e depois almoçaram num restaurante. Sabe o que isso quer dizer?... Isso mesmo: o casal saiu pra passear, e almoçou num restaurante (uau!). Neymar, um dos craques do futebol, anunciou que será pai, aos 19 anos, mas não quer casar. E eu nem sabia – e vivia, nem sei como...
Como eu consegui viver, tanto tempo, sem saber que há biografias, traduzidas para o mundo inteiro, de Justin Bieber, Lady Gaga, Amy Winehouse?... Nem consigo imaginar as historias de vida deles. Aqui, no Brasil, um dos maiores sucessos de vendagem de livros é a biografia da Banda Restart (ainda não sei o que é isso). Minha vida mudou, hoje – com-ple-ta-men-te!... Bon Jovi machucou o joelho, durante show, e gritou de dor (inimaginável!). Tudo isso acontecendo, e eu lá na praça, “dando milho aos pombos”. Mas agora já era. Sou outra pessoa. Mudei minha vida: Quem sou?... Onde estou?... Fui eu que escrevi isso?... (Devo ter batido a cabeça – só pode!)

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O universo gira


Que tudo gira, no universo, já não é mais novidade, há muito tempo. O que algumas pessoas (ainda) não sabem é que são os planetas que giram - somente em torno do sol. Pessoas podem chamar (outras) pessoas de “sol da minha vida” (tem até musica, pra isso). Ainda assim, a vida de cada pessoa (que diz isso) não gira em torno daquele “sol”. Não se vive em razão de um só alguém. Até por que, se fosse assim, cada ser humano viveria “girando” em torno de si mesmo. E só.
Pessoalmente, tudo o que gira já não me anima. Uma labirintite me impede de qualquer animo neste sentido – nem girar, nem ser girada. Além de estar impedida (pela labirintite) de ficar girando, também, eu não suportaria conviver com um ‘mosquito’ girando em torno de mim. Eu morreria tonta. Não sei viver em função de um só alguém, nem suportaria ser a unica razão de viver de alguém. Não é justificativa – é mero segredo revelado.
Visto por outro angulo (estrabico), quem pensa que o universo gira em torno de si deve ter uma autoestima e tanto. Imagine você imaginar que tudo o que acontece é pra você, em função de você, por causa da tua existencia. Se assim fosse, tudo morreria com a tua morte, acabando com a natureza da vida: uma morte de cada vez. Mas não. A vida continua (até a morte, por que mais não sei). O universo gira, enquanto movimentos peristalticos fazem tudo girar no dentro de cada um de nós.
Ah, em tempo: Depois de você ter me lido até aqui, se nos conhecemos, por favor, não venha me perguntar se foi em tua ‘homenagem’ que escrevi isso tudo. Seria reduzir o que penso, e o que penso não tem nome, muito menos RG, CPF, endereço, carnê das Casas Bahia, ou qualquer outra coisa. Quando cito alguém especificamente - escrevendo sobre, ou para -, costumo dar nome ao alvo (que é sempre publico).
O que faço aqui é relatar o que penso, no momento, sobre fatos do meu cotidiano mediocre – coisinha insignificante, mais ainda, se comparada ao movimento uniforme dos planetas. Que os planetas continuem girando, já que os intestinos (ainda) não cumprem totalmente a função que lhes cabe, pois (que pena!) não liberam o que temos em excesso nos pensamentos - inclusive, o que acabei de escrever...

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Anotações de agenda

Um dia, ainda quero escrever que Um Certo Capitão Rodrigo tencionava assassinar uma certa Capitu, numa certa Casa dos Budas Ditosos, antes do Amanhecer. E quero escrever também que, entre Perdas e Ganhos, a Rosa do Povo virou Água Viva, quando Dona Flor e Seus Dois Maridos resolveram Comer, Rezar e Amar, pertinho da Cabana do Pai Tomás, há Cem Anos de Solidão. Foi ali que Robinson Crusoé fez o Retrato de Dorian Gray no Purgatório, com O Processo de O Desejo de Ensinar e a Arte de Aprender.
E quero escrever ainda mais. Quero escrever que o Alquimista saiu, pela Rua dos Cataventos, com o Quincas Berro D’água, e foram, juntos, aos Cânticos, beber em O Cortiço. Por lá, encontraram Iracema, que trazia a Mensagem dos Capitães de Areia, que queriam as Memórias de um Sargento de Milícias. Nas Mil e Uma Noites seguintes, Mais Pesado que o Céu, Orlando juntou-se a outras Línguas de Fogo, que, num Sopro de Vida, com a Lucidez Embriagada, explicavam Como John Lennon Pode Mudar Sua Vida. Enquanto Agonizo, Gabriela Cravo e Canela visita Paulo Francis, que gargalha com as Piadas e Pegadinhas do Louro José e da Ana Maria, Por Quem os Sinos Dobram.
Também, quero escrever que, com A Morte de Peter Pan, Quando Nietzsche Chorou, Susan e Eu encontramos Dom Quixote Em Busca do Tempo Perdido, entre Crime e Castigo do Doutor Fausto, que colecionava As Flores do Mal, para presenteá-las à Madame Bovary. A Comédia Humana era perfeita para Os Irmãos Karamazov, que, Esperando Godot, liam A Fantastica Historia de Silvio Santos, Para Uma Menina Com Uma Flor. Na Estrela Solitária: Um Brasileiro Chamado Garrincha caminhava nas Vinhas da Ira, enquanto Pais e Filhos de O Naufrágo tentavam domesticar O Lobo da Estepe. O Rinoceronte olhava, de soslaio, As Memorias de Adriano que os Seis Personagens em Busca de um Autor escreviam.
Quero continuar escrevendo. Escrever que, Antes do Baile Verde, o Furacão Elis chamou A Turma de Mônica, para avisar Pixinguinha que Rita Lee Mora ao Lado, por que Assim falou Zaratustra. Ana Terra foi a Budapeste, para falar com O Advogado do Diabo, que passeava com O Xangô de Baker Street, enquanto Alice no País das Maravilhas gritava: Quem Mexeu no Meu Queijo? Nara Leão, com A Insustentável Leveza do Ser, respondeu, ao lado de Chico Xavier, na Paulicéia Desvairada: Não Fui Eu! Ao Sul de Lugar Nenhum, O Menino Maluquinho lamentava Livro de Mágoas, por perder a Bola na Rede para O Pequeno Príncipe, distraído em Brincar de Viver com Justin Bieber.
E quero escrever, ainda, que Leila Diniz reescrevia Os Sermões, quando os protagonistas da Tropicalia ou Panis et Circencis davam O Beijo no Asfalto, obedecendo O Alienista, que regava as Vidas Secas do Memorial de Maria Moura. Perto do Coração Selvagem, num Bom Dia Para Nascer, Macunaíma chamava Maysa, Só Numa Multidão de Amores, para comer a Maçã no Escuro, antes que O Tempo e o Vento passassem. Depois que Dorival Caymmi levou O Mar e O Tempo, A Viúva do Sargento Getúlio reclamou: Nem Vem Que Não Tem, e pediu A Vida e o Veneno de Wilson Simonal, que estava envolvido no Caso das Rosas Amarelas e Medrosas, refugiadas na Tabacaria, com o Livro das Perguntas: Ou Isto Ou Aquilo.
Quero escrever que, na Boca do Inferno, Princesa Diana dava Milho Pra Galinha, Mariquinha, na companhia de Lady Gaga. O Dia em Que a Terra Parou foi quando Ariel embarcou em Um Bonde Chamado Desejo, e fez com que Canções da Inocência dessem A Volta ao Mundo em 80 Dias, na companhia de Freud Além da Alma, que dançava com Dercy Gonçalves, entre A Vida Secreta de Marilyn Monroe e A Biografia Definitiva de Bob Marley.

Ah, um dia, quero escrever tudo isso – e mais algumas coisinhas...

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Pensar entristece

Há muito tempo, ouço dizerem que “quem pensa, não casa”. Sei lá. Penso que pensar entristece. Se pensamos o tempo inteiro (por que outro jeito não existe), então, entristecemos mais ainda. Mesmo quando pensamos coisas alegres – é triste, por que (sabemos) tudo acaba. E não há como não entristecer com isso.
Se não podemos parar de pensar, frear o pensamento, o negocio é ir pensando devagar, quase devagarinho. E ainda tem aquela de que “todo pensamento puxa outro pensamento” (sei lá de onde). Penso que precisamos ficar alertas, principalmente, quanto ao que pensamos.
Mesmo quando não queremos pensar – pensamos. Fatalidade. Há quem diga que não pensa (balela!). Pensa que não pensa – mas pensa. E pensar entristece. Melhor é nem admitir que pensa, por que, se admite, pensa ainda mais – e pensar (mais, ou menos) entristece.
Se, conscientemente, pensamos nas vivencias boas que tivemos, ou temos, ainda assim, basta nos aprofundarmos cadinho – e o nosso pensamento entristece. Tudo acaba. Pior ainda, se pensamos na vida – o sentido da vida. Nem precisamos ter conhecimentos (bibliograficos) de filosofia – pensar entristece. Entristece mais ainda, se pensamos no que poderia ter sido – e não foi.
Ser humano carrega a sina do pensar, mesmo quando não quer. Por isso, passamos, quase a vida inteira, desviando pensamentos, fazendo malabarismos com o que nos pegamos a pensar, insistentemente. Mas não pensamos somente frustrações, decepções, desilusões, para constatarmos que pensar entristece. Absolutamente. De quando em vez, nos enxergamos rindo sozinhos, lembrando cenas da vida que já vivemos. Continuamos recordando, rindo, pensando, e entristecendo – por isso, ou por aquilo -, e percebemos, mais uma vez, que pensar entristece.
Não há como fugir de todos os pensamentos. Às vezes, nem nos dispomos da vontade de deixar de pensar. E acabamos voltando aos mesmos pensamentos acalentados. Mesmo quando nos surgem novos pensamentos, ainda assim, pensar entristece.
Tem gente que perde o sono, por tanto pensar. Tem gente que dorme demais, por tanto pensar. Tem gente que acha que nem pensa. No fundo de tudo isso – e de todos nós -, pensar entristece.
Mas somos seres pensantes (que grande coisa!), e isso nos diferencia dos outros animais. Quantas vezes, invejamos os cachorros, os cágados, os tigres, os macacos, as hienas?... Eles não pensam – nunca vão saber que nascem, que vivem, que morrem. Nós todos sabemos, por que pensamos, mesmo quando desejamos não pensar.
Definitivamente, pensar entristece. E isso não é ironia.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Que nivel?

Antigamente - há pouco tempo, para um Brasil que tem pouco mais de 500 anos -, o termo “manter o nivel” pressupunha uma conotação de parametro (alto). Hoje, nem tanto, ou nada disso.
Se um pai, ou mãe, ainda ousa dizer “mantenha o nivel”, para um filho, ele (o filho) pode até questionar: Que nivel?... Isso, na melhor das hipoteses, pois o Brasil já tem lei, seguindo o exemplo dos Estados Unidos, que proíbe qualquer tipo de castigo, inclusive castigos moderados (a ‘famosa’ palmadinha, por exemplo), às crianças e aos adolescentes. Agora, é assim: pai, mãe, ou responsável dá uma palmada num filho, pode ser denunciado (a), e, quem sabe, até preso (a). Este é o nivel.
Quer mais?... Você quem pediu pra continuar lendo – por sua conta e risco.
Sempre se ouviu que “nada se cria, tudo se copia”. Até aí, tudo certo. Hoje, os diretores de programas de televisão acham estar (ainda) lançando algum “quadro inédito”. Exemplo? Um programa de uma hora, com a participação de pessoas do povo, num estudio, reclamando do marido, da esposa, dos filhos, dos vizinhos, da sogra, do escambau, numa baixaria inimaginável. Horrível?... Não. Isso é pouco. Os outros diretores de programas, de outros canais de televisão aberta, reinventam a mesma ‘merda’, mantendo o nivel da baixaria.
Ainda, sobre televisão: Os responsáveis (?) pelos noticiários perceberam que, quanto maior a tragedia, maior a audiencia. Azar o nosso – telespectadores passivos, cansados, depois de mais um dia de trabalho estressante, diante da televisão, na sala. Você pode pagar caro, dispor do maior pacote de tv a cabo do mercado, não tem saída: horário de notícias é sempre sangue escorrendo no tapete da sala. É desse jeito miserável, que todos os canais mantem o nivel.
Sobre a televisão, tem mais ainda – merecidamente, aliás, já que é o aparelhinho mais existente, nas moradias brasileiras (mais até que geladeira). Quem não gosta de, pelo menos, uma vez por semana, assistir um programinha humoristico?... Seja no canal que for, todos os programas de humor não poupam farpas e pedras. É ‘tiro para todo lado’. Tudo começou (pelo que lembro), com piadinhas contra politicos, mas agora o nivel baixou (sempre pode piorar) pra todo mundo. Ninguém escapa do humor desrespeitoso - nem colegas de trabalho, da mesma tv, ou até desconhecidos, que podem ser mendigos, bebados, desdentados, doentes mentais, ou tudo isso num ‘pacote’ unico. Só não chame isso de “humor negro”, por que ninguém merece – muito menos os afrodescendentes.
No que tange à televisão, o nivel tem nome: ibope. E nós, que até sobrenomes carregamos, não temos o direito de escolha, por que qualquer canal disponível acompanha o nivel televisivo.
Será que alguém ainda lembra da expressão “politicamente correto”?... Olha o que os politicos estão fazendo – não só em Brasília, mas até em Cacha Pregos – no interiorzão da Bahia. O pior é que os politicos politicamente corretos são, a cada eleição, uma minoria cada vez menor – ‘minguados’ idealistas. Este é o nivel atual, com tendencia a um desnivel sempre mais acentuado.
Não vamos tão longe. Permaneçamos dentro da nossa casa. Quando precisamos de um serviço (eletrico, ou hidraulico, por exemplo), o “tecnico” demonstra a maior tecnica (de “labia”), quando apresenta o orçamento de valor exorbitante. Se reclamamos, o dito ainda é capaz de dizer que não vamos encontrar serviço tão bom quanto o dele, ou mais barato. É esse o nivel de conversação, em qualquer contrato de serviço, sem direito a contraproposta.
Imagino que eu já tivesse nascido, quando ainda se falava em pecado – (quase) tudo era pecado. Alguém pecava, tinha de correr pra confessar ao padre, que, além da ladainha toda, impunha duras punições – sempre em nome do “Senhor”. Pois bem. Agora, ficamos sabendo – nós, pecadores mortais -, diariamente, que o nivel do (santo) clero, ao que parece, também baixou, chegando à pedofilia. No meio disso tudo, o Papa ainda discursa, do trono do Vaticano, que é contra o uso de preservativos (camisinhas) e contra a homossexualidade. Eis o nivel da “salvação”.
Você pode já estar desistindo de ler – não importa, continuarei escrevendo.
E ainda tem gente que insiste em “estufar o peito”, e falar de nivel – como se houvesse nivel exemplar (real) acima do pior. Não é pessimismo meu. Pelo contrario. É preocupação. Tem gente que fala mal da educação publica brasileira, por exemplo, encaixando, nos comentarios tendenciosos, a palavrinha nivel. Que nivel pode haver, na educação, que seja, quando já não existe mais familia, e os filhos são criados por uma maioria incapaz de fazer outra coisa na vida, e ainda se orgulha, tantas vezes, por cumprir trabalho escravo?... São esses mesmos filhos que tem os pais mantendo o nivel - lá fora, no mercado de trabalho -, de exploração e usurpação da honra, da dignidade, e de tantos outros valores esquecidos pela ambição.
É lamentável que alguns brasileiros, nascidos nesta terrinha abençoada, só falem mal do Brasil. Lamento, por que não é só o Brasil que sobrevive neste nivel absurdo. Não é o Brasil que sai, mundo afora, matando civis inocentes, em nome do poder economico, a troco de uns barris de petroleo. Não é o nosso pobre rico Brasil que impõe ditaduras retrogradas, em nome de uma maquiada democracia moderna e independente. Não é o nosso Brasil que fica 'aiatolando' o mundo, a nivel tão grotesco, bem mais baixo que o universo selvagem.
Posso estar errada, em tudo o que penso. Mas é este o meu nivel atual de compreensão, e incompreensão também – por que a maior fatia do que escrevi aqui, sinceramente, eu não sei compreender.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

“Mea culpa”

Depois que assisti o Luís Fernando Veríssimo assumindo, fiquei pensando: Se ele assume, por que também eu não assumo?... A revelação de Veríssimo surgiu numa entrevista, na televisão – não lembro o horario, nem o dia, muito menos o canal de tv. Mas Luís Fernando Veríssimo confessou. E eu também quero confessar: “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa”.
‘Tá” certo, não sou filha do criador de um certo Capitão Rodrigo, não toco sax em banda de jazz, muito menos sou timidamente ousada, para criar personagens tão incríveis e inesquecíveis, como o analista de Bagé, ou o Ed Mort. Mas, cá entre nós, eu preciso aproveitar a carona do Luís Fernando, e também me confessar: “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa”.
Na entrevista, Veríssimo pareceu tão natural, ao relatar a confissão dele. Parecia estar em paz, e já não mais carregar o peso da culpa que (ainda) eu carrego. No meio de tantos assuntos, até pareceu que o escritor, cronista e musico resolveu, como eu agora, aproveitar a oportunidade, para revelar intimo segredo dele.
Pelo que percebi, a confissão de Luís Fernando Veríssimo não havia sido planejada. No começo da revelação, ele pareceu, como sempre, timido, mas, logo depois, conforme relatava, ia ficando mais relaxado, confortável até, e já não mais aparentava “mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa”.
Observando o sorriso envergonhado de Veríssimo, pensei imediatamente: Eu também cometi essa falta, e pouca gente ficou sabendo. Se ele pode revelar, por que não eu?... Até aí, tudo bem, mas, com o tempo, a confissão de Veríssimo ficou ‘martelando’ a minha cabeça: “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa”.
Nesta ousadia timida, sinto que não deve ter sido fácil para Luís Fernando Veríssimo confessar a “culpa”. Deve ter havido intensos debates entre ‘tico e teco’. A entrevista não era ao vivo. Por isso, penso que, depois da confissão, sentindo-se aliviado, ele nem pensou em pedir corte na edição. Eu também quero confessar, sem corte: “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa”.
Semelhante a Luís Fernando Veríssimo (talvez, ajude a comparação), também eu, nos meus tempos de “foca de redação”, no início de trabalho em jornal, tive de escrever horoscopos diarios. Sim. Fui o que o chefe de redação me chamava, na epoca: “horoscopista”. Pronto. Confesso: “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa”.
Nem fiquei sabendo exatamente o que aconteceu com o astrologo do jornal, que já não podia mais entregar ‘pacotes’ mensais contendo as previsões astrologicas. O que lembro é que o pessoal da oficina do jornal pretendia republicar os horoscopos antigos. Presenciando a discussão com o chefe de redação, eu já me sentia conivente com aquela ‘tramoia’. Na epoca, eu (ainda) manifestava o que pensava, não mantinha o silencio que tenho hoje. De imediato, falei, sem ninguém ter me perguntado, que republicar horoscopo era desonesto, por que poderia haver leitores que colecionassem previsões astrologicas. As pessoas levavam horoscopo mais a sério que hoje.
Quem mandou eu me meter na ‘cumbuca' dos outros?... Sobrou pra mim, obviamente. Sei que isso não justifica, mas foi o que pensei, nos meses seguintes. Ali mesmo, diante dos funcionarios da oficina, após meu breve e timido discurso sobre lealdade profissional (coisas de “foca” idealista), o chefe de redação me incumbiu a missão: “Então, você será, a partir desta edição, a nossa horoscopista, por que não há tempo para estudar astrologia agora”. Eu não podia, não queria, fugir do desafio. Aceitei – sem saber o que estava aceitando. “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa”.
Confesso que eu não era muito ‘chegada’ em horoscopo, previsões astrologicas, etc e tal. Depois daquela experiencia, então, até leio sobre o assunto, com muita reserva, questionando bastante. Mas encarei o desafio – durante meses, todos os dias.
Você pode estar perguntando o que eu escrevia, no horoscopo diario do jornal. Uma das coisas que mais lembro (não podia faltar) era previsão otimista, positiva. Afinal, pelo menos uma coisa boa nos acontece, todos os dias, né?... É preciso estarmos atentos aos ‘sinais’ (ainda hoje, penso assim). Acho que eu, literalmente, pisciana que sou, “viajava na maionese”, e (quem sabe?) até animasse os leitores mais suscetíveis.
A carreira horoscopista, como qualquer desvio momentaneo, acabou, meses depois. Não lembro se o astrologo titular retornou, ou se contrataram outro. Por isso – que fique bem esclarecido -, não há a menor possibilidade de ser minha alguma previsão astrologica, por mais ‘certeira’ que seja. “Joguei a toalha” – isso faz tempo.
Agradeço ao Luís Fernando Veríssimo, que me permitiu a lembrança - e a confissão: “Mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa”.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Não leia

Não leia. Não leia coisa alguma – livros, revistas, jornais, gibis, até bula de medicamento. Não leia. O ato da leitura vicia, e você já não vai mais poder viver sem. Não leia.
Não leia. Não leia, principalmente, se você costuma frequentar escola. Se você começa ler sem parar, vai passar escrever “embriaguês” diferente (embriaguez), por exemplo – para os colegas, você se tornará “metido à besta”. Não leia.
Não leia. Não leia, por que a grande maioria da maioria grande não lê coisa alguma – nem contratos que assina. Não leia, por que, senão, em qualquer escritorio, ou balcão, você será interpretado como “chato”, por ler tudo o que consta no documento que pede a sua assinatura.
Não leia. Não leia, pra não descobrir que aquelas mensagens que você recebe por email não são de autoria do nome que consta nas mensagens que você recebe por email. Não leia, pra não saber que Clarice Lispector não escreveu “Não te amo mais. Estarei mentindo dizendo que ainda te quero como sempre quis. Tenho certeza que nada foi em vão”. Não leia, pra continuar pensando, como todo mundo, que foi Shakespeare quem deixou escrito que “um dia você aprende que” (blá blá blá blá blá).
Não leia. Não leia, senão você vai começar questionar tudo e todos – inclusive, e principalmente, você mesmo. Não leia, senão você vai se importar mais com as perguntas, que acomodar-se em respostas prontas. Mais confortável é – mesmo – não ler.
Não leia. Não leia, por que, lendo, você se sentirá sozinho – mais, muito mais só do que hoje, do que ontem. Não leia, por que a maioria das pessoas com quem você convive, ou pode conviver, não lê, e parece feliz (?) assim.
Não leia. Não leia, por que ler causa cefaleia, insonia, por que faz pensar. Às vezes, uma (aparente) inofensiva palavrinha pode desencadear um pensamento enorme (robusto), profundo demais, denso até.
Não leia. Não leia, por que você será mal interpretado. Não leia, por que vão imaginar que você isso, você aquilo – e não é nada disso, nem daquilo.
Não leia. Não leia, por que a leitura, sendo vicio, vai te instigar a ler, mais e mais, até quando você nem perceber. E, ainda por cima, como se não bastasse, livros e revistas custam caro. Pra muita gente, livro não é luxo – é lixo mesmo.
Não leia. Fuja das bibliotecas, guardadoras de palavras e pensamentos complicados. Se precisar apresentar algum trabalho que exija leitura, em sala de aula, recorra aos resumos prontos, disponibilizados pela internet. Arrisque Ctrl C – Ctrl V em textos por você desconhecidos. Melhor copiar, sem pensar, que ler, e pensar, questionar, elaborar, aprender, ensinar.
Não leia. Não leia coisa alguma, pra você se sentir fazendo parte – fazendo parte de quê?... Oras carambolas, não queira, agora, ler meus pensamentos... não vale a pena.