terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Milho aos pombos


A foto, aí em cima, mostra uma das cenas do filme “Minhas Tardes com Margueritte”. Mas não é sobre o filme (maravilhoso) que quero escrever. Fiquei um tempo dando milho aos pombos – nem o milho, nem os pombos eram os cantados por Zé Geraldo. Eu estava – e ainda estou – mais para “Minhas Tardes (ou minhas noites, ou meu qualquer tempo) com Margueritte (pseudônimo de um bom diálogo)”. Tem ser humano que gosta de pensar, e conversar sobre o que pensa, né?... Pois é. Eu sou projeto de ser humano, assim: gosto de pensar, conversar sobre o que penso, na companhia de quem também gosta de pensar, conversar sobre o que pensa. Nem sempre pensar e conversar viram ação conjunta. Por isso, aproveito o tempo – meu tempo – com essa conjunção, cada vez mais rara. Quando não converso com outro ser humano, converso com livros, filmes, feito esse da foto: “Minhas Tardes com Margueritte”. E tudo é diálogo. Solidão acompanhada de outra solidão.
Sobre o blog, o criei, com a simples intenção de divulgar o que considero impublicável. Sem qualquer outro compromisso, a não ser fielmente ao que penso enxergar, considero, o blog, uma extensão minha, sem verdade absoluta alguma, sem querer dizer além, ou aquém, do que fica escrito, registrado. Isso pressupõe que você, leitor(a), pode concordar, discordar, ou até espernear – nada adianta, pois é o que consigo e quero enxergar, até aqui. Mas, sempre, cada comentário é válido. Por isso mesmo, não retiro os comentários daqui, sejam quais forem – a favor, contra, ou muito antes pelo contrário.
Tenho de reconhecer que, relendo meus textos, no ironia-crônica, gosto do que vejo, pois tudo, tudo mesmo, retrata pensamentos meus, de mais ninguém. Se alguém lê, pensa a respeito, discorda, ou até concorda, já tem ideia própria, que, certamente, não é a minha (original), registrada no blog.
Enquanto escrevo, seja sobre o que for, para guardar, e, depois, quem sabe, talvez, um dia, postar aqui, sou leal somente a mim mesma, sem sequer imaginar que alguém possa vir a ler. Muito menos, penso: o que será que pensarão sobre o que escrevi?... Pra mim, são dois processos distintos que acontecem aqui. O primeiro é eu pensar, organizar meus pensamentos (são tantos), para, depois, permitir que transbordem. Feito isso, depois de um tempo (curto, ou longo, não importa), posto no blog, e continuo sem pensar se alguém vai ler, muito menos se pensará, ou não, a respeito do que escrevi. Por isso, os comentários, deixados aqui, sempre me surpreendem – de repente, percebo que causei alguma coisa, com a minha escrita, resultado de tantos pensamentos.
Definitivamente, em cada palavra que registro, especificamente, neste blog, não há a microscópica intenção de desagradar, ou agradar, algum leitor incauto. Absolutamente. Até por que, para isso (agradar, desagradar), tenho a minha profissão de jornalista, que, sem qualquer falsa modéstia, tento cumprir, da melhor forma impossível, preocupando-me com o que quero dizer, até com o que pode ser interpretado. Isso é responsabilidade profissional. Aí, sim, a exemplo de todos os jornalistas, também eu sou tendenciosa. E ainda falam em jornalismo imparcial... Profissionalmente, sou porta-voz de tantas vozes – aqui, no blog, permito-me ser apenas a minha própria voz. De mais ninguém.
Posso até escrever que, pra mim, esse blog é uma brincadeira – considero toda brincadeira, coisa séria. Às vezes, pode não parecer, pelo jeito que escrevo, mas, com toda certeza minha, sei muito bem o que estou escrevendo, o que escrevi. Depois disso, não me ocupo com o que pode ser interpretado. Até por que, feito eu, as pessoas mudam muito de ideias, de pensamentos, de visões, e até de endereços, como dizia Millôr.
Sei que cada leitor do blog jamais vai ler aqui o que eu realmente escrevi – cada um lê o que pode, ou, simplesmente, o que quer ler. Ainda bem. Assim, meus textos rabiscados ganham a companhia de outros pensamentos, que não são os meus. Contra, ou favor – o que importa?... Em tempos de falta de tempo, quando a maioria demonstra não querer pensar, ao que parece, ainda tem gente na contramão. Enquanto houver um só alguém na contramão, encontrará uma outra mão: a minha – escrevendo, sempre...
Só não gosto de trocar ideias – nessa, alguém sempre sai perdendo... e viva a vida!...

Um comentário:

  1. Não sou contra nem a favor! Muito pelo contrário! Simplesmente: Não sou! Quisera eu ter sido e ter tido sua coragem de ser!

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