quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

Continuamos quites

(No início de 2015, postei o que republico aqui. Como na vida de toda gente, na minha vida, também, muitas coisas aconteceram, mudaram – de lá para cá, de cá para lá. Mas nada mudou tanto quanto o meu olhar o mundo, a vida, o tempo. Mudar sempre me faz tão bem – me surpreende, me dá brilho no olhar. O mundo muda. A vida muda. O tempo muda. Mudo eu. Se amadureci? Não sei, nem me preocupo em saber, por que, pra mim, isso não importa mesmo. O que me tem valor é que eu mudei, e continuo mudando – sempre, quites com o tempo, com a vida, com o mundo. Menos expectativas – mais surpresas boas. Continuamos quites: eu, a vida, o tempo, o mundo.)

Nesta virada de ano, fiquei pensando tantas coisas. O que mais pensei é que eu estou quite com o mundo, com a vida, com o tempo. Eu e o tempo estamos quites, por que sempre me dei bem com o tempo - não adianta querer brigar com quem tem o “coringa” na manga. Eu e o mundo estamos quites, por que fazemos o melhor que podemos fazer - “tudo a seu tempo”. Eu e a vida estamos quites, por que não há nada, nada mesmo, que eu tenha me arrependido de viver - foi assim que cheguei até aqui.
Se a vida continua, depois da morte, não sei - há muitas controvérsias, sobre “ninguém ter voltado pra contar”. O que sei é que essa vida (presente) é única, por que não volta mais - mesmo. Jamais estaremos onde estamos, com quem estamos, fazendo o que fazemos, deixando de fazer o que deixamos, fazendo as escolhas que fazemos. As outras vidas que teremos - se teremos - serão realmente outras, e também únicas. Tem muita gente desavisada, de mal com a vida, com o mundo, com o tempo, à espera, sempre, do passaporte à ilha da fantasia. Pior ainda, quando escolhe esperar que a vida boa venha, prontinha, embrulhada em papel de presente, pelas mãos dos outros. Enquanto isso, fica sem saber que cada instante desta vida é realmente especial, por que sempre único – não volta. Por isso tudo, Lenine ainda canta: “A vida é tão rara”...
Feito toda gente, também eu faço as minhas escolhas. A cada ano que passa, tenho reduzido, cada vez mais, as minhas expectativas em relação ao mundo, à vida, ao tempo. Nada desesperador. Percebo que, assim, tenho sabido mais de quem (acho que) sou. Cabe colocar aqui que nem consigo me imaginar correspondendo a expectativas alheias - seria muito pra minha cabecinha, por que cada pessoa espera algo (diferente) da gente. Quanto menos expectativas eu tenho, mais surpresas boas recebo (vivo o que acredito, cada vez mais). Gosto do imprevisto, da porta que se abre no meio do nada, das nuvens que aplacam a tempestade. Essa é a minha (única) expectativa para 2015 (para 2018, mais ainda): o imprevisto.
Sempre gostei de desafios - dos bons desafios. Nem considero desafio o que é feito para ser exposto nas redes sociais. Não. Desafio, pra mim, é o que desafia (só) eu mesma. Também, não gosto do que chega prontinho, embalado em pacote de presente. Gosto das peças de Lego (conhece?), do que me instiga a desfazer, fazer, desmontar, montar, desconstruir, construir (refazer, remontar e reconstruir dá muito trabalho, e o resultado é sempre o mesmo).
Nada acontece de um momento para o outro - tudo flui aos poucos, seguindo o que existe de ritmo harmonioso no mundo, no tempo, na vida. Depois disso, só dá pra pensar, mais uma vez, em Benjamin Disraeli: "A vida é muito curta para ser pequena”.
E lá vou eu aprender um pouquinho mais...

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