Saí da sala fechada, em busca de ar fresco. Sentada no meio-fio, enxerguei-a, pela primeira vez. A formiga estava sozinha, e parecia sem direção. Será que formigas sentem calor, transpiram? Não. Não podem suar, mas devem sentir calor e frio intensos. Lembrei que, quando criança, eu ficava observando as formigas – quase sempre em filas indianas, numa disciplina, que eu ficava procurando de onde vinha o comando. Não havia comandante, mas as filas não se dissipavam. Às vezes, uma ou outra formiga parava no meio do caminho, e, em pouco tempo, reuniam-se, para cumprir o destino das formigas, o qual eu-menina nunca soube. Menos ainda agora, depois de tanto tempo sem pensar nas formigas.
Mas a formiga que enxerguei, rente ao meio-fio, estava sozinha – acho que foi isso que me chamou a atenção (a mim, que não queria mais pensar no debate que havia na sala de onde saí). O que faz uma formiga sozinha, quando a natureza das formigas, parece, é seguir em grandes caravanas?...
Ignorando a minha presença cabisbaixa e cada vez mais concentrada, a formiga parecia estar tentando arrancar uma raiz. Não era. Rodopiando em volta de uma metade de folha seca com um fiapo de linha suja enroscado, o inseto parecia fazer calculos matematicos, precisando extensão, peso, e força necessaria para transporte. O exame parecia mesmo minucioso – a formiga parava (atenta?) diante de cada milionesimo milimetro do ‘objeto desejado’, bem maior e mais pesado que ela, com toda certeza. Uma formiga comum – minuscula, sem “pedigree”. Não sou mirmecologa, nem levo jeito, mas reconheço a imponencia - até de um inseto. Naquela formiga, não havia empafia – talvez, eu tenha até identificado, no ser minimo, um cadinho de natureza simploria.
O que fazia uma formiga sozinha, naquele asfalto quente?... Eu não fazia a menor ideia, nem fiquei sabendo. A verdade é que havia, ali, naquele espaço livre, uma formiga tonta, às voltas com um pedaço de folha e um fiapo de linha. Formiga persistente, mesmo sozinha. Minuscula - como o é toda e qualquer formiga -, mas grande na vontade de dar jeito de carregar a ‘carga’ enorme.
Há muito tempo atrás, ouvi dizer que as formigas não têm mais que dois meses de vida. Diante de um tempo tão curto (pra nós, humanos), eu fiquei observando o que o inseto fazia, naqueles minutos, pra mim, e, talvez, meses, pra ele. A formiguinha continuava indo e vindo, sempre em direção do fiapo de linha no pedaço de folha seca esquecida pelo vento.
Foi ali, olhando a formiga, que, pela primeira vez, pensei na minha vida: Nunca quis fazer estudo sobre as milhares de especies de formigas existentes. Sei o que todo mundo sabe sobre o mundinho delas. Nada além, nem aquém. Mas, de repente, me deu uma vontade de saber, de me comunicar com o inseto – até ajudar a formiga, carregando a ‘carga’ por ela. Não havia jeito, nem tempo para estudos aprofundados. Provavelmente, eu precisasse de meses, para saber sobre a especie daquela formiga, que nem existiria mais, quando eu me tornasse mais uma mirmecologa mediana. Sentada no meio-fio, eu só podia mesmo olhar a formiga, admirá-la na pequenez e na grandeza da existencia dela. Também as formigas contribuem com o nosso ecossistema, né?... Também é um ser vivente.
O tempo passou sem eu perceber, as pessoas saíram do debate, se despediram, foram embora. E eu ainda olhei mais uma vez à formiga, que permanecia lá, dando jeito de carregar a sua ‘carga’. Eu sabia que ela conseguiria. Ela não saberia jamais, mesmo carregando todas as ‘cargas’. A formiga não é isso, nem aquilo – ela mesma não se sabe. A formiga é. Simplesmente. E nós nem sabemos a existencia de cada uma delas.
Mas a formiga que enxerguei, rente ao meio-fio, estava sozinha – acho que foi isso que me chamou a atenção (a mim, que não queria mais pensar no debate que havia na sala de onde saí). O que faz uma formiga sozinha, quando a natureza das formigas, parece, é seguir em grandes caravanas?...
Ignorando a minha presença cabisbaixa e cada vez mais concentrada, a formiga parecia estar tentando arrancar uma raiz. Não era. Rodopiando em volta de uma metade de folha seca com um fiapo de linha suja enroscado, o inseto parecia fazer calculos matematicos, precisando extensão, peso, e força necessaria para transporte. O exame parecia mesmo minucioso – a formiga parava (atenta?) diante de cada milionesimo milimetro do ‘objeto desejado’, bem maior e mais pesado que ela, com toda certeza. Uma formiga comum – minuscula, sem “pedigree”. Não sou mirmecologa, nem levo jeito, mas reconheço a imponencia - até de um inseto. Naquela formiga, não havia empafia – talvez, eu tenha até identificado, no ser minimo, um cadinho de natureza simploria.
O que fazia uma formiga sozinha, naquele asfalto quente?... Eu não fazia a menor ideia, nem fiquei sabendo. A verdade é que havia, ali, naquele espaço livre, uma formiga tonta, às voltas com um pedaço de folha e um fiapo de linha. Formiga persistente, mesmo sozinha. Minuscula - como o é toda e qualquer formiga -, mas grande na vontade de dar jeito de carregar a ‘carga’ enorme.
Há muito tempo atrás, ouvi dizer que as formigas não têm mais que dois meses de vida. Diante de um tempo tão curto (pra nós, humanos), eu fiquei observando o que o inseto fazia, naqueles minutos, pra mim, e, talvez, meses, pra ele. A formiguinha continuava indo e vindo, sempre em direção do fiapo de linha no pedaço de folha seca esquecida pelo vento.
Foi ali, olhando a formiga, que, pela primeira vez, pensei na minha vida: Nunca quis fazer estudo sobre as milhares de especies de formigas existentes. Sei o que todo mundo sabe sobre o mundinho delas. Nada além, nem aquém. Mas, de repente, me deu uma vontade de saber, de me comunicar com o inseto – até ajudar a formiga, carregando a ‘carga’ por ela. Não havia jeito, nem tempo para estudos aprofundados. Provavelmente, eu precisasse de meses, para saber sobre a especie daquela formiga, que nem existiria mais, quando eu me tornasse mais uma mirmecologa mediana. Sentada no meio-fio, eu só podia mesmo olhar a formiga, admirá-la na pequenez e na grandeza da existencia dela. Também as formigas contribuem com o nosso ecossistema, né?... Também é um ser vivente.
O tempo passou sem eu perceber, as pessoas saíram do debate, se despediram, foram embora. E eu ainda olhei mais uma vez à formiga, que permanecia lá, dando jeito de carregar a sua ‘carga’. Eu sabia que ela conseguiria. Ela não saberia jamais, mesmo carregando todas as ‘cargas’. A formiga não é isso, nem aquilo – ela mesma não se sabe. A formiga é. Simplesmente. E nós nem sabemos a existencia de cada uma delas.
Olá!
ResponderExcluirSuas postagens são excelentes, uma escrita digna de leitura.
Continue assim.
Também amo escrever.
Estou seguindo teu blogger.
Grande abraço!
Seu estilo de escrita de fato é único. Valeu a pena ler cada palavra desse texto.
ResponderExcluirOlá! Comecei a ler o texto e não parava de continuar lendo, muito gosto o seu texto. Parabéns!!! legal a historia da formiguinha, me lembrou uma cronica que imaginei para minha filha escrever para o colégio. O tema foi a sociedade de um formigueiro, foi interessante também. xero!
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