domingo, 8 de maio de 2011

Mãe é mãe

Tanto se escreve, tanto se homenageia as mães, mas nada, nada mesmo do que já foi escrito (ou será), nenhuma homenagem que já foi prestada (ou ainda será), reconhece, de fato, de direito, o “ser mãe”. Não há definição – simplesmente. Mãe é mãe – e pronto. Mãe de todos os filhos. Mãe de todos os dias. Mãe.
Quando julgadas, as mães podem ser boas, ou ruins, como também podem ser julgados os pais, os filhos, e todos os espiritos que não são santos. Mas mãe é sempre mãe. Pai é sempre pai. Filho é sempre filho. Familia nem sempre é familia. E não se fala mais nisso.
Cá (muito) entre nós, a imagem da mãe sempre nos reporta a alguma coisa que emociona. Quando ouvimos, falamos, ou pensamos mãe, dificilmente, lembramos daquelas que engravidaram e abortaram seus fetos, ou deixaram-lhes à propria sorte, em alguma lixeira, ou latrina qualquer. Não. Quando pensamos mãe, o que nos chega é a imagem personificada do amor e do acolhimento – sem julgamentos.
Agora mesmo, pensando a respeito, lembro que, há alguns anos, entrevistei uma garota de 14 anos, que recém havia tido uma filhinha. Extasiada, olhos arregalados, a menina-mãe me relatou o que sentiu, quando viu a filha, pela primeira vez: “Era um pedaço da minha carne se mexendo, com vida, fora de mim, e parecia a boneca mais linda que eu nunca tive”.
Acho que cada ser humano, independente de ser, ou não, mãe, dá o que tem, faz o que pode, o que acredita, o que se sente capaz de fazer. Por isso, pra mim, mãe (seja quem for) não é deusa, nem a onipotencia da perfeição. Para os filhos, pelos filhos, com os filhos, o melhor dela (mulher-mãe), sempre. Mãe é mãe – e pronto. Entre erros e acertos, continua sendo mãe.
A gente não pode pensar que mãe não sofre, achando que mãe sublima tudo, por que não há, para qualquer ser humano, sofrimento sublimado. A gente até sublima sentimentos, mas sofrimento já é demais. Pode haver mãe que discorde de mim, mas é o que realmente penso: Sofre, tá sofrido, é sofrimento. Não importa se sofre por causa dos filhos, ou por outro motivo: Mãe é ser humano (que sofre também). E isso não tem nada de paraíso, não. Acho que as que mais sofrem são as mães dos juízes de futebol – todos eles, com certeza, já foram e são xingados, aos gritos, de “filho-da-puta”, não mais nos estadios (por causa da lei), mas – ainda e sempre - nos bares, nas casas, nos bate-papos de esquina, nas salas de reuniões, nos banheiros publicos, nas praças – por todos os lugares, perto, ou longe, dos estadios de futebol.
Ouço mulheres comentarem que não tiveram tempo de preparo pra serem mães – a gravidez chegou de surpresa. Penso que não há como se preparar pra maternidade. Viver, mesmo sem ser mãe, já é um susto. E cada filho, como a propria vida, é uma surpresa – intrinsecamente inimaginável. Quando me depáro com mães de ‘primeira viagem’, que me consultam se estão agindo certo (como se houvesse cartilha de como ser mãe), vou logo assegurando-lhes: É isso mesmo, continuem fazendo o melhor de vocês, que os filhos, de algum jeito, respondem, ou correspondem – isso é ser mãe.
Que ninguém imagine que já leva o titulo de mãe, por que troca fraldas, dá banho, e amamenta. Que ninguém imagine que ser mãe é profissão protegida por leis, estatutos, com tempo cronometrado de validade. Que ninguém imagine que ser mãe é entrar em cena, somente quando escuta o chamado dos filhos. Que ninguém imagine que ser mãe tem dias ou noites de folga, pagamento de horas extras, remuneração especial em feriados, finais de semana, 13º salario, ferias, aposentadoria, planos de saúde e seguro de vida. Que ninguém imagine mais, nem menos, do que é ser mãe. Mãe é mãe. E não se fala mais nisso, até o proximo Dia das Mães. Ponto final.

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