Nesta
virada de ano, fiquei pensando tantas coisas. O que mais pensei é
que eu estou quite com o mundo, com a vida, com o tempo. Eu e o tempo
estamos quites, por que sempre me dei bem com o tempo - não adianta
querer brigar com quem tem o “Coringa” na manga. Eu e o mundo
estamos quites, por que fazemos o melhor que podemos fazer - “tudo
a seu tempo”. Eu e a vida estamos quites, por que não há nada,
nada mesmo, que eu tenha me arrependido de viver - foi assim que
cheguei até aqui.
Se
a vida continua, depois da morte, não sei - há muitas
controvérsias, sobre “ninguém ter voltado pra contar”. O que
sei é que essa vida (presente) é única, por que não volta mais -
mesmo. Jamais estaremos onde estamos, com quem estamos, fazendo o que
fazemos, deixando de fazer o que deixamos, fazendo as escolhas que
fazemos. As outras vidas que teremos - se teremos - serão realmente
outras. Tem muita gente desavisada, de mal com a vida, com o mundo,
com o tempo, à espera, sempre, do passaporte à ilha da fantasia.
Pior ainda, quando escolhe esperar que a vida boa venha, prontinha,
embrulhada em papel de presente, pelas mãos dos outros. Enquanto
isso, fica sem saber que cada instante desta vida é realmente
especial, por que sempre único. Por isso tudo, Lenine ainda canta:
“A vida é tão rara”...
Feito
toda gente, também eu faço as minhas escolhas. A cada ano que
passa, tenho reduzido, cada vez mais, as minhas expectativas em
relação ao mundo, à vida, ao tempo. Nada desesperador. Percebo
que, assim, tenho amadurecido quem (acho que) sou. Cabe colocar aqui
que nem consigo me imaginar correspondendo a expectativas alheias -
seria muito pra minha cabecinha, por que cada pessoa espera algo
(diferente) da gente. Quanto menos expectativas eu tenho, mais
surpresas boas recebo (vivo o que acredito, cada vez mais). Gosto do
imprevisto, da porta que se abre no meio do nada, das nuvens que
aplacam a tempestade. Essa é a minha (única) expectativa para 2015:
o imprevisto.
Sempre
gostei de desafios - dos bons desafios. Nem considero desafio o que é
feito para ser exposto nas redes sociais. Não. Desafio, pra mim, é
o que desafia (só) eu mesma. Também, não gosto do que chega
prontinho, embalado em pacote de presente. Gosto das peças de Lego
(conhece?), do que me instiga a desfazer, fazer, desmontar, montar,
desconstruir, construir (refazer, remontar e reconstruir dá muito
trabalho, e o resultado é sempre o mesmo).
Nada
acontece de um momento para o outro - tudo flui aos poucos, seguindo
o que existe de ritmo harmonioso no mundo, no tempo, na vida. Depois
disso, só dá pra pensar, mais uma vez, em Benjamin Disraeli: "A
vida é muito curta para ser pequena”.
E
lá vou eu aprender um pouquinho mais...
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