terça-feira, 15 de maio de 2018

Pena de morte nas ruas

Justamente na véspera do dia das mães deste ano, uma policial (mãe de duas meninas) matou o filho de uma outra mãe. Sim. Qualquer assaltante, bandido, também foi parido por uma mulher – mãe (surpresa!). Elivelton Neves Moreira, de 20 anos, também deveria ter mãe - talvez, a única que chora a morte dele.  Quem se importa? “Bandido bom é bandido morto!” - dizem os bem vivos.
Na manhã de sábado (12/05), Elivelton, armado com revólver, tentava fazer arrastão, na entrada de uma escola particular, em Suzano, região metropolitana de São Paulo. A cabo da polícia militar Katia da Silva Sastre (de folga, mas armada) chegava na escola, com uma das filhas, onde seria homenageada, pelo dia das mães. Katia percebeu o assalto, e matou Elivelton, que levou tiros na perna e no peito. Pra que sobrecarregar o judiciário, se o que todo mundo quer saber é da lava jato mesmo, né?…
Até hoje, os (ir)responsáveis pela mídia nacional se deliciam, ao divulgarem, repetidamente, as cenas do crime, gravadas por uma câmera instalada na calçada. São tantos orgasmos, que os ‘corvos de plantão’ esquecem que a Agência de Notícias dos Direitos da Infância (ANDI) mantém, permanentemente, monitoramento em programas de rádio e TV das cinco regiões brasileiras, o qual acusa níveis preocupantes de violações de direitos e de infrações a leis e a normas autorregulatórias do campo midiático. Mas essa é outra história (interessados que se informem)…
Morto o bandido (sem toda a morosidade de um julgamento), a cabo tornou-se heroína, homenageada até pelo governador de São Paulo. Autoridades e a própria policial militar disseram que, para isso, ela é treinada. Exemplo dado, ninguém mais quer saber de atravessar velhinha em faixa de segurança. Eu daria logo a cabo o prêmio nobel da paz (de quem?).
Um amigo carioca me disse que a cabo deve ser convidada para fazer workshop no Rio de Janeiro, para acabar de vez com a violência na ‘cidade maravilhosa’. De lambuja, ela agilizaria a ação de pms e milicianos, e acabaria com os favelados e quem os defende. Três tiros em cada um: fim da miséria toda.
Agora, vou ali na esquina procurar (de graça, sem fila) uma cena de pena de morte nas ruas – ao vivo, ao morto.

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