Não
há vida humana, sem os outros. Alguns poucos (ermitões) podem até querer negar
- não adianta. Pensando nos outros, agimos, ou deixamos de agir. Nossa vida
está sempre fadada ao crivo dos outros, que podem manifestar-se, ou não, mas,
com toda certeza, estão nos observando, diretamente, ou de soslaio. Sempre, “no
meio do caminho”, há outros caminhos, outros meios.
O
que fazemos, ou deixamos de fazer, tem sempre mesmo a ver com os outros.
Pensamos nos outros, mesmo quando afirmamos estar pensando somente em nós
mesmos. Isso não é verdade absoluta - apenas realidade constatada.
É
em função dos outros, que mudamos de vida, ou permanecemos na mesma condição,
enquanto não nos impelem à mudança. Por causa dos outros, estamos sempre
buscando dar sentido à vida, até quando não ousamos pensar em alguém,
especificamente. Também, no ato suicida, pensamos nos outros. Sempre, os outros
- reflexos de nós, espalhados pelo nosso universo de convívio.
Não
estamos fazendo, o que fazemos, tão-somente pelos outros, quando manifestamos
concordar com opiniões/avaliações alheias. Absolutamente. Por toda a vida, nos
deixamos ser capturados pelos outros, que nos influenciam, até quando nos
negamos a seguir o caminho apontado por mãos que não são as nossas. Com os
outros, aprendemos a pensar, ou não pensar. Os outros - vivos, ou mortos (que
importa?).
Quando
seguimos conselhos e exemplos, claro, estamos fazendo, abertamente, pelos
outros, com os outros. Mas há, também, situações em que mudamos nosso jeito de ser,
agir, viver, para satisfazermos os outros, com quem desejamos conviver. Os
outros tornam-se, assim, nossos alvos, nossos reflexos, nossos desejos, nossos
estímulos, para sermos quem desejamos ser, ou simplesmente deixarmos de ser
quem pensamos que somos.
Dependendo
da circunstância, queremos corresponder ao que os outros esperam de nós. Em
outras ocasiões, tudo o que desejamos é alardear que somos diferentes dos
outros. Sempre, os outros - os outros, sempre.
E
não há vida humana, sem os outros. Outros que nos refletem - às vezes, tal qual
lago límpido; outras, espelho embaçado, mofado. Não importa. Os outros, sejam
quem forem, estão sempre a nos espiar, observar, ou até ignorar - continuam
existindo, na nossa existência.
Ainda há quem diga que não está “nem aí”, para os outros. Talvez,
justamente esses, os que, aparentemente, não se importam com os outros, é que
estão mais concentrados nos outros, na vã preocupação de não depararem-se com
eles - os outros -, que permanecem, também, como nós, de olho nos outros.
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