Não sei se é por conta da
globalização, do capitalismo, ou por causa disso e outras cositas
mais, a realidade é que vivemos a nossa insaciável ansiedade, o
tempo inteirinho. Se estamos trabalhando, ansiamos voltar pra casa.
Se estamos em casa, queremos que o tempo passe, para sairmos. Quando
estamos na rua, desejamos férias - de tudo, de todos -, o quanto
antes. Se chove, queremos sol. Se tem sol, o que mais desejamos é
chuva. Enquanto isso, o tempo passa (bem ou mal passado), de mãos
dadas com a vida (bem ou mal vivida).
Sempre me vejo observadora do
mundo, dos mundos - cada criatura, um mundo particular. E também me
observo - tanto, tanto, que, às vezes, me questiono: Pra que a
pressa?... De que me adianta estar onde não estou?... Posso não
estar, mas este é, continua sendo, o meu tempo, a minha vida... Por
isso (quem sabe?), a insatisfação humana. De nada me adianta comer
angu, com frango desfiado, imaginando estar diante de um prato de
quiche lorraine.
A realidade é que nós,
humanos, tão desumanos, vivemos e personificamos uma ansiedade
inimaginável. Já não queremos tempo para degustar os detalhes,
momentos de contemplação, entre uma atividade e outra. Aceleramos,
cada vez mais, de maneira impensada, certamente, os acontecimentos da
vida, feito quando estamos diante da televisão, apertando os botões
do controle remoto, numa atitude desesperada e desesperadora. O que
queremos? - talvez, nem sequer imaginamos. Quem sabe, também, nem
pensamos no que poderíamos desejar, além ou aquém do que estamos
vivendo (?). E, assim, insatisfeitos e ansiosos, continuamos trocando
canais, modos de vida. Alguns desistentes radicais escolhem tornar-se
parasitas, desumanamente inertes, abandonando até mesmo o controle
remoto, numa condição sem qualquer réstia de vida.
Nada sacia nossa ansiedade, e
acabamos derrotados e desolados, buscando, como último recurso,
livrinhos de autoajuda e medicamentos psicotrópicos. Até tentamos
mesmo nos convencer de que sofremos depressão, ou tantos
transtornos, síndromes e fobias. Enquanto isso tudo acontece, a
ansiedade continua lá, dentro de cada um de nós, crescendo,
consumindo, nos consumindo.
E depois?... Como termina?... No
final, todos morrem.
Voce é invejosa...trabalhe nisso!
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