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Filosofia,
você pode exercitar, quando não está linchando alguém na rua, ou ateando fogo
em ônibus, ou matando civis e forjando legítima defesa, ou divertindo-se nas
práticas de bullying, ou “enchendo a cara” (e todo o resto) e atropelando
pessoas, ou deixando de prestar socorro, para fotografar e postar nas redes
sociais, ou maltratando animais, crianças e velhinhos caquéticos. Filosofia já
foi exercício mais constante, mas hoje acaba, diariamente, sendo substituído por
cruéis comentários de apresentadores de programas policialescos de televisão,
dividindo tempo com gente que arremessa veredictos, pelas redes sociais, todos
a favor da pena de morte. Penso até que filosofar, atualmente, é questionar o
inquestionável, refletir sobre qualquer coisa, quando a maioria já nem quer
saber de pensar.
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Pensar tem preço - valor muito alto, cada
vez mais impagável. Não há dinheiro que pague, realmente, o ato de pensar, por
que pensar é ação. Toda atitude demanda esforço, dedicação. De brinde,
recebemos a liberdade de pensar certo, ou errado - na mesma proporção. E ainda
dói. Mas continuamos com o direito de pensar – às vezes, nem certo, nem errado.
Paga-se caro, por pensar, refletir, não imaginar. Por isso, tem tanta gente que
não quer saber de pensar. A imaginação é quase gratuita, está sempre em
liquidação, a nosso bel prazer. Pensar é que custa caro, muito caro mesmo.
Pensar é refletir. Refletir é transbordar. Por isso, o trampolim permanece ao
alcance – nem todos desejam ousar.
*** Para
conviver bem, na sociedade do espetáculo atual, você precisa conhecer e
reconhecer a cartilha: Os outros são os vilões, racistas, homofóbicos, fascistas,
egocêntricos, reacionários, machistas, transfóbicos, corruptos, sexistas,
psicopatas, xenofóbicos, imperfeitos. Somente os outros, por que você é o
máximo da perfeição do centro da pirâmide humana. Ainda há tempo: Você ainda pode
ser a (grande) vítima de tudo isso – por enquanto.
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Friedrich Wilhelm Nietsche está indo além da imaginação (dele mesmo, que não
pensava pouca coisa). O ‘caldo’ começou a ‘engrossar’, quando o que chamam
livro “Nietzsche Para Estressados - 99 Doses de Filosofia Para Despertar a
Mente e Combater As Preocupações” foi lançado. O aproveitador chama-se Allan Percy,
um cara que deve usar, na maquiagem, muito, mas muito mesmo, óleo de peroba. Como
se não bastasse a dita “obra prima”, tem agora “Funk do Nietzsche”, gravação de
Mc Bertas e DJ Leozito. Esses exemplos comprovam que a falta de imaginação e
criatividade pode render bom dinheiro, mais, muito mais, do que Nietzsche
recebeu.
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Aviso aos intolerantes impetuosos (kit completo) de plantão: Andem sempre com
arma de fogo – até durmam, com um revólver debaixo do travesseiro. Vocês realmente
precisam acabar com os motivos que irritam tanto os intolerantes (‘intolerantes
unidos jamais serão vencidos’). Vão treinando: quando encontrarem uma
manifestação, ou até uma minguada junção de gentes, libertem a impetuosa
intolerância, e, literalmente, “mandem bala”. Não esqueçam: Arma ao alcance da
mão, sempre, no trânsito (prato cheio – de motivos e justificativas para uma
“boa peleia”). Logo, logo, a lei do desarmamento será derrubada pela força dos
senhores “representantes da sociedade”, no Congresso. Por enquanto, vão
treinando “tiro ao Álvaro”.
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A campanha que estou lançando é justamente para que os filósofos (mortos e
vivos) não se tornem finados. Ainda que a maioria contemporânea prefira ler apenas
postagens compartilhadas em redes sociais, os livros (nada silenciosos) continuam
a batalha contra o google. Às vezes, até parece que vamos perder – só
impressão. De repente, no meio de tantos “fogos cruzados”, alguém larga mão do
google, e resolve pesquisar mesmo, e até pensar, refletir. E a filosofia, antes
alquebrada, ressuscita, com potência absoluta.
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Para emagrecer, a receita é seguir todas as receitas, e tomar todos os
medicamentos – comece pelos mais caros, até chegar nos baratos. Continue
comendo, comendo tudo e mais um pouco de todas as dietas aconselhadas. Acredite
em todos os comerciais e receitas emagrecedores. Aproveite, e acredite em papai
noel, também. Se, algum dia, você olhar o espelho, e enxergar obesidade
mórbida, troque o espelho (para um bem maior) – não é você.
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Dia desses, assisti à uma entrevista,
na televisão. Não tenho certeza se era entrevista. Não lembro. Mas sei que
tratava sobre um assunto bastante interessante. Quem falava não era alguém
famoso, celebridade. Não. Mas parecia ser alguém com conhecimento de causa –
pelo menos, da causa que defendia. Vez ou outra, exasperava-se, falava mais
alto, e manifestava discordar de outras opiniões, contrárias àquela que
defendia. Eu sempre paro para ouvir, quando alguém não cai na vala comum, ao
falar. Gosto de ouvir o que os outros ainda ousam falar, num mundo onde a ordem
é “compartilhar” opiniões superficiais e/ou sem sentido, e imagens
entorpecentes. Assim é que se preenche páginas e páginas, livros inteiros, sem
dizer coisa alguma. Quem imagina que o oco está oco mesmo, esquece de lembrar
que o oco não é oco. O oco é e está sempre cheio de ecos – silenciosos. Na
maioria desses casos, se traduzidos, os ecos repetem apenas o nada que o
escritor tem a dizer, enquanto tantos outros livros continuam transbordando,
nas prateleiras. Por isso, também, livros ocos me cansam – eu, que sempre
renasço, a cada transbordamento.
A cada dia, só tenho a
agradecer a filósofa Márcia Tiburi, e todos que ela traz à minha companhia.
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