sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Liquidação sexual

A exemplo de outros países (mais pobres, quase sempre), o Brasil não perde tempo, na liquidação sexual. Como se não bastasse o trafico de mulheres (norte-americanos, europeus e japoneses, principalmente, gostam de ‘sexo à brasileira’), agora, tem venda de “pacote de turismo ecologico”, com “sexo animal”, pra motivar e incentivar o setor.
A pratica, conhecida há mais de 510 anos no Brasil, causou manchete, recentemente, numa reportagem bem feita por Luiz Carlos Azenha, apresentada pela Ric Record. Pra eu tomar folego, repita comigo esse monstruoso: Óóóóóóóóóóóóóó!!!
Agora – pasme! -, a denuncia foi feita por “autoridades dos Estados Unidos”. Cadê as autoridades brasileiras, alguém pra saber, aqui, no nosso chão, o que acontece no setor turistico brasileiro?... Saber?... Saber – todo mundo, ou quase todo mundo, sabe... Formalizar denuncia, e partir pra medidas sérias que venham coibir a historica pratica é outra coisa, que não faz parte da nossa historia, desde o descobrimento, quando portugueses (primeiro) e outros europeus (depois) chegaram por aqui, e foram logo ‘comendo’ as índias (há quem relate que ‘comeram’ os índios também, mas não cabe agora falar sobre isso). Até Dom Pedro I não resistiu à paulista Domitila de Castro Canto e Melo, a mais famosa amante do nosso grande imperador, “à qual concedeu os títulos nobiliarquicos de viscondessa e, depois, de marquesa de Santos”. Diante disso, dizer o que dos demais estrangeiros, que continuam vindo em busca de aventuras no Brasil?...
Voltando à materia televisiva, Azenha entrevistou pessoas que denunciaram o fato de meninas (adolescentes mesmo) serem contratadas para trabalhar nos barcos de luxo, exploradas sexualmente por turistas estrangeiros. A promessa de pagamento, segundo a reportagem, era de cem dólares, mas as garotas não receberam mais que 50 reais. Isso tudo, no estado do Amazonas, foco de problemas de toda ordem (rota de entrada de drogas e armamento ilegal, queimadas, etc etc e tal).
Agora, a moda é turismo ecologico. Claro, os países mais ricos – Estados Unidos, Japão e os europeus – querem vender e comprar pacotes turísticos à natureza que ainda resta no planeta. Só que esquecem que a prostituição, por mais praticada que seja, continua sendo crime – também no Brasil. É nessa que ‘embarcam’ agentes de pacotes turisticos, turistas e meninas e meninos que se prostituem. Os agentes oferecem promoções irresistíveis de paisagens ecologicas, junto com verdadeiras orgias, como citou a reportagem da Ric Record. Os turistas se empolgam, até por que a imagem do Brasil, pelo mundo, continua perpassando pela linha da prostituição. As meninas e os meninos, esquecidos e abandonados no meio do nada amazonico, enxergam a possibilidade de conhecerem uma realidade que, imaginam, seja cheia de dinheiro e luxo. No final das contas, todo mundo quer mesmo faturar ‘algum’ (até aqueles brasileiros que fazem a ‘ponte’ entre os agentes de turismo estrangeiro e os “cafetões” que ‘emprestam’ os adolescentes).
Tudo isso me faz lembrar o livro de Gilberto Dimenstein – “Meninas da Noite” -, que, há muitos anos, eu li, reli, e repassei a uma amiga. Dimenstein ficou o maior tempão no norte brasileiro, e registrou, no livro, incontáveis casos (verídicos, e, mesmo assim, inacreditáveis) sobre meninas que se vendem e são vendidas à prostituição. Até o próprio jornalista foi surpreendido, durante o trabalho de pesquisa que fez, pelos pais de uma menina, que ofereceram-na a ele, por um valor tão irrisorio, causando-lhe vergonha.
O que dizer de tudo isso?... Que a situação não mudou?... Obviamente que não – só mudaram os objetos de troca: não são mais espelhos, ou algum outro acessorio que encantava os índios brasileiros, lá nos anos 1500. Agora, os aliciadores prometem dolares, e pagam preço de liquidação real. E já tem até índia amazonense denunciando a possibilidade de ter engravidado de um “gringo” – o filho ‘tá’ lá, ouvindo a historia da vida dele, no meio de uma tribo quase extinta, numa área que tem placa de “restrita”, e recebe visitinhas estrangeiras...

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