O
velho “Aurelião” nos lembra: “Significado de Moda: s.f. Uso passageiro que
rege, de acordo com o gosto do momento, a maneira de viver, de vestir etc. /
Fantasia, gosto, maneira ou modo segundo o qual cada um faz as coisas. /
Cantiga, ária, modinha. / Estatística. Valor do argumento central da classe de
frequência máxima. &151; Suponha-se que um menino conte os ovos de 77
ninhos de pássaros. Ele vê que quatro ninhos possuem um ovo cada um, 65 têm
dois ovos cada um; cinco têm três ovos; e três têm quatro ovos. Os ninhos que
contêm dois ovos são os que mais se repetem. Portanto, dois é a moda ou valor
modal deste grupo de números. A moda é um tipo de média muito utilizada. //
Estar na moda, estar em voga, ser geralmente usado. // Passar da moda, deixar
de ser imitado, deixar de estar no gosto atual. // Bife à moda, prato feito de
maneira especial por alguém, ou por um restaurante. // &151; loc. prep. À
moda de, segundo o gosto de”.
Eu
digo: Tem gente que gosta de viver na moda. Mas a moda, às vezes, passa rápido
demais, sem dar tempo de mudar o modus
vivendi. Outras modas sobrepõem ao tempo, e, por isso, volta e meia, ou
meia volta, nos deparamos com algum casaco com ombreiras, ou qualquer coisa que
nos remeta a antigos filmes (em preto e branco).
Pelo
visto, a moda atual é sair por aí ateando fogo em ônibus, ou quebrando portas
de vidro, em lojas, agências bancárias, ou veículos de televisão. Causar
quebradeira - é o que conta, está na moda. Mas, também, a moda parece ser saquear
supermercados, lojas, e até caminhão com mercadorias, envolvido em acidente. O
mais irônico, nisso tudo, na minha insignificante opinião, é que ainda querem
(os da moda) justificar que tudo isso é para reivindicar “mais saúde, mais
educação, mais segurança”. Saúde? Falta sim - principalmente, mental. Educação?
Até concordo, assistindo as manifestações, nas ruas. Segurança, deste jeito? É
piada, né?...
Por
isso, se você, feito eu, se sente fora de moda, depois de assistir um desses
noticiários reprisados, o dia todo, em todos os canais de televisão, não se
desespere. Ainda há tempo. Fique de olho nas redes sociais - sempre tem planos
para mais uma manifestação moderna. Se preferir, você pode se informar com o
vizinho, o colega, o primo, o cunhado, o dono do bar - alguém sempre sabe
quando e onde haverá mais uma manifestação (desfile) da moda atual. Se você não
quiser sair ateando fogo em ônibus, por aí, pode escolher acender rojões, sem
alvo previsto, em plena via pública - a luz do dia facilita a moderna
atividade.
Mas,
se você quer estar na moda, no anonimato, use máscaras, ou até gorros
desengonçados, fora de moda, ou coloque uma camiseta na cabeça. Se é para
manter o anonimato, esconda a cara, da forma mais ridícula que puder, e saia
quebrando tudo. A moda, agora, é não diferenciar privado, público - quebradeira
geral.
Já
ia esquecendo: há denúncias de que muitas pessoas recebem uma graninha, para
desfilarem a dita moda, a exemplo de modelos, que frequentam eventos sociais,
vestindo renomadas grifes, e levando cachês, pra isso. Nessa moda mais popular,
que tem tomado conta das ruas brasileiras, ainda não lançaram as novas grifes
de rojões, coquetel molotov, pedras, paus e ferros (aguardemos). Como acontece na
divulgação de moda, qualquer canalzinho de televisão contribui, ensinando
(passo a passo) sobre os instrumentos de destruição - uma vara de pescar não
quebra uma porta de vidro de uma agência bancária, ou de uma loja, e os rojões
não precisam ficar estocados, até a festa junina. Moda é moda - vale tudo, ou
vale nada.
Como
em toda nova moda, há quem se destaque mais. Nesta modernidade atual, tem muita
gente que está indo parar, bem além da televisão - vai pra cadeia mesmo. Lá
fora, na arena gigante, entre vaias e aplausos, outros - incansáveis mascarados
- persistem na busca da mesma fama. Faltam câmeras, para tantas imagens tão
modernas, que, às vezes sempre, nos remetem à moda mais antiga, dos primórdios
mesmo, bem antes do nascimento dos tios dos nossos tataravós, do cinema mudo.
E
ainda tem gente que reclama que não tem grana, para manter-se na moda. Nessa
moda, especificamente, não precisa ter dinheiro, gente. Quem paga os estragos
são justamente os que não estão na moda. Tem gente que paga, inclusive, justamente
por resistir à moda, não participar. Alguns, mais ousados, pagam (mais caro),
por denunciarem a nova moda, que não é genuinamente brasileira - todos sabemos.
Semelhante às demais modas, também esta chega de todos os cantos do planeta
(que continua redondo). Tem gente que não resiste à nova moda, e acaba perdendo
a noção do ridículo - isso já aconteceu, em outras épocas, outras modas - e
modos.
Se
é holofote que os moderninhos desejam - pronto! -, já tiveram os minutos de
fama. Agora, está na hora de mostrarem a cara (com, ou sem, vergonha), e
continuarem a vida, longe das passarelas. “O show já terminou” - não há mais
público... (Moda sempre me cansa - escolho continuar na contramão.)
Dizem
que toda moda tem prazo de validade - às vezes, a dita dura mais tempo. Não
esqueçamos a velha e boa calça jeans, que perdura até hoje, nas vitrines e na
maioria das pernas brasileiras e estrangeiras. Se essa é uma moda sem tempo de
validade, necessário é que se faça alguns ajustes, penso eu - toda moda recebe
pequenos retoques. Sugiro que, junto com “mais saúde, mais educação, mais
segurança”, sejam acrescidos: mais IMLs, mais necrotérios, mais crematórios,
mais cemitérios. E tudo vira moda.
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