quarta-feira, 1 de julho de 2015

Confirmado: o Brasil continua maior que o umbigo


Apesar da campanha aberta, feita pelo próprio presidente da Câmara dos Deputados, o plenário de hoje à noite não teve os 308 votos necessários à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171. Confirmado: o Brasil continua maior que o umbigo. No final da sessão da Câmara, depois de tantos absurdos vingativos, defendidos em plenário, a derrota foi da hipocrisia e da injustiça, e o caminho da pena de morte foi, mais uma vez, obstruído.
Bravamente, deputados federais sensatos, de diversas bancadas, chegaram até a contrapor-se à decisão do próprio Partido, em respeito ao direito à vida dos adolescentes de 16 e 17 anos. Com todas as caras feias, dos que acreditavam destruir, finalmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente, que, este ano, completa 25 anos, a redução da idade penal – de 18 para 16 anos – foi rejeitada pela Câmara dos Deputados. Por falta de cinco votos, os adolescentes brasileiros foram absolvidos da guilhotina imposta pela sociedade imediatista e hipócrita, que, conforme pesquisa, quer o encarceramento dos adolescentes, retirando-lhes qualquer possibilidade de vida digna.
Disso tudo, resta o que a maioria não quer pensar: Se aos governos cabe oportunizar políticas públicas, para o desenvolvimento integral das crianças e dos adolescentes, à sociedade caberia, na mesma proporção de responsabilidade, respeitar os direitos dos cidadãos, principalmente, daqueles em condição de maior vulnerabilidade.
Por favor, não venham com discursos de que somos todos iguais – não somos, e, pior que isso, todos sabemos, mas poucos reconhecemos. Quando se pensa em oportunidades, então, as diferenças aumentam ainda mais. Isso foi comprovado, durante a sessão de hoje, na Câmara dos Deputados, quando discursos infames e separatistas, de discriminação descomunal, foram ao microfone, enquanto umbigos inchavam, inflamados pelo ódio e pela vingança, representando outros tantos umbigos.
Nossas crianças e nossos adolescentes foram salvos da guilhotina da redução da maioridade penal, no Brasil. Desta vez. Daqui a pouco, outras guilhotinas (mais afiadas) serão montadas, no picadeiro. Por quê? Simplesmente, por que alguém tem de pagar a conta do desgoverno, na aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, da hipocrisia social, que se acumula debaixo dos tapetes vermelhos (de sangue?), onde só pisam “homens e mulheres de bem”.

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