Apesar
da campanha aberta, feita pelo próprio presidente da Câmara dos Deputados, o
plenário de hoje à noite não teve os 308 votos necessários à aprovação da
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 171. Confirmado: o Brasil continua
maior que o umbigo. No final da sessão da Câmara, depois de tantos absurdos vingativos,
defendidos em plenário, a derrota foi da hipocrisia e da injustiça, e o caminho
da pena de morte foi, mais uma vez, obstruído.
Bravamente,
deputados federais sensatos, de diversas bancadas, chegaram até a contrapor-se
à decisão do próprio Partido, em respeito ao direito à vida dos adolescentes de
16 e 17 anos. Com todas as caras feias, dos que acreditavam destruir,
finalmente, o Estatuto da Criança e do Adolescente, que, este ano, completa 25
anos, a redução da idade penal – de 18 para 16 anos – foi rejeitada pela Câmara
dos Deputados. Por falta de cinco votos, os adolescentes brasileiros foram
absolvidos da guilhotina imposta pela sociedade imediatista e hipócrita, que,
conforme pesquisa, quer o encarceramento dos adolescentes, retirando-lhes
qualquer possibilidade de vida digna.
Disso
tudo, resta o que a maioria não quer pensar: Se aos governos cabe oportunizar
políticas públicas, para o desenvolvimento integral das crianças e dos
adolescentes, à sociedade caberia, na mesma proporção de responsabilidade,
respeitar os direitos dos cidadãos, principalmente, daqueles em condição de
maior vulnerabilidade.
Por
favor, não venham com discursos de que somos todos iguais – não somos, e, pior
que isso, todos sabemos, mas poucos reconhecemos. Quando se pensa em
oportunidades, então, as diferenças aumentam ainda mais. Isso foi comprovado,
durante a sessão de hoje, na Câmara dos Deputados, quando discursos infames e
separatistas, de discriminação descomunal, foram ao microfone, enquanto umbigos
inchavam, inflamados pelo ódio e pela vingança, representando outros tantos
umbigos.
Nossas crianças e nossos adolescentes foram
salvos da guilhotina da redução da maioridade penal, no Brasil. Desta vez.
Daqui a pouco, outras guilhotinas (mais afiadas) serão montadas, no picadeiro.
Por quê? Simplesmente, por que alguém tem de pagar a conta do desgoverno, na
aplicação do Estatuto da Criança e do Adolescente, da hipocrisia social, que se
acumula debaixo dos tapetes vermelhos (de sangue?), onde só pisam “homens e
mulheres de bem”.
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