Dia desses, me veio ‘a louca’, e saí perguntando por aí o que significa ABL. As respostas foram inimagináveis, cômicas, e às vezes me causaram desânimo. Não faltou quem afirmasse que se trata da “Associação Brasileira de Luta Livre”. Até me perguntaram se era marca nova de carro, ou nome de grupo de pagode recém lançado. O mais incrível é que a maioria nem quis saber o que significa ABL – talvez, por medo que seja mais um imposto ‘maquiado’.
“A iniciativa foi tomada por Lúcio de Mendonça, concretizada em reuniões preparatórias, que se iniciaram em 15 de dezembro de 1896, sob a presidência de Machado de Assis (eleito por aclamação), na redação da Revista Brasileira. Nessas reuniões, foram aprovados os Estatutos da Academia Brasileira de Letras, a 28 de janeiro de 1897, compondo-se o seu quadro de 40 membros fundadores. A 20 de julho daquele ano, era realizada a Sessão Inaugural, nas instalações do Pedagogium, prédio fronteiro ao Passeio Público, no centro do Rio. (...) A Academia tem por fim, segundo os seus estatutos, a ‘cultura da língua nacional’, sendo composta por quarenta membros efetivos e perpétuos, conhecidos como ‘imortais’, escolhidos entre os cidadãos brasileiros que tenham publicado obras de reconhecido mérito ou livros de valor literário, e vinte sócios correspondentes estrangeiros.” (foi o que catei na Wikipédia, nosso ‘Aurelião’ virtual)
E ainda tem mais. Consta, nos anais da ‘senhora’ Academia, que, até 1977, a instituição era um verdadeiro “Clube do Bolinha” (quarenta homens reunidos, sem futebol? - alguém consegue imaginar?). Quem ‘quebrou’ a hegemonia masculina foi Rachel de Queiroz, que – não sei como – conquistou os votos dos “imortais” (vivos) na ABL da época, e entrou com tudo, sendo pioneira até na ‘moda feminina’ da ‘senhora’ Academia. Rachel de Queiroz – a nossa heroína (ela sacudiria a cadeira número 5, às gargalhadas, se pensasse nisso).
Talvez, quem melhor traduziu, recentemente, o “benefício” da ABL foi uma de suas ‘imortais acadêmicas’: a escritora Ana Maria Machado. Em entrevista à televisão, ela disse que “a maior vantagem de ser ‘imortal’ é que a Academia oferece o melhor plano de saúde que eu já conheci, cobrindo, inclusive, todo o custo funeral dos seus acadêmicos. Não darei despesas aos meus filhos e netos, o que já é uma grande coisa, se pensarmos nos valores financeiros”, concluiu ironicamente. Ana Maria Machado é “imortal”, mas continua viva, ocupando a cadeira número 1 na ABL, e chamando a atenção dos brasileiros. Eu já era fã dela – agora, mais ainda.
Pode ser que algum leitor incauto ainda não saiba - são “imortais” (vivos, claro!) da ‘senhora’ Academia: Nélson Pereira dos Santos (o único “imortal” no nosso cinema), Paulo Coelho (o ‘guru dos gurus’, que tem faturado mais que Bill Gates), e Ivo Pitanguy (o homem das ‘mil faces’, que “puxa, encolhe e estica” mais que a Xuxa). Agora, procure a poltrona mais confortável, sente, e segure essa: José Sarney também é “imortal” (será que o pessoal de Brasília está levando isso em consideração?). Depois dessa, vamos parando por aqui.
Ah, não dá pra esquecer as nossas companhias de cabeceira: Clarice Lispector, Mário Quintana, Mário de Andrade, Cecília Meireles, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina, e tantos outros. Todos eles morreram ‘mortais’. Para quem ainda não sabe, Lya Luft, Rubem Alves, Ferreira Gullar, e tantos outros, permanecem vivos e ‘mortais’. Alguns concorreram à cadeira da ‘senhora’ Academia, mas perderam, sabe-se lá por quê (o “voto acadêmico” é secreto, pelo visto semelhante aos “atos secretos” do Senado – ninguém sabe, ninguém viu). Quintaninha, inclusive, sentiu-se inspirado, quando recusado na ABL, e escreveu: “Todos esses que aí estão, atravancando o meu caminho – eles passarão... eu, passarinho”. Poeta é outra coisa: reconhece na ‘merda’, adubo para fazer poesia.
Cá entre nós, tudo isso, pra mim, cheira mofo. E os ‘acadêmicos’ ainda se tornam “imortais” (uma espécie de ‘deuses’, entre eles?). Sobre isso, lembro do comentário que ouvi, depois de explicar o significado da sigla ABL a um jovem lavador de carro: “Mas se eles se tornam imortais, tia, eu também quero entrar neste negócio”. E eu fiquei lá, na calçada, tentando esclarecer que os ‘acadêmicos da ABL’ morrem do mesmo jeito que nós – miseráveis ‘mortais’ -, mas tornam-se “imortais” na instituição. “Mas quem é que quer ser chamado de imortal, se morre do mesmo jeito, tia?” – deixou-me sem fala o lavador, que foi se afastando e repetindo: “essa gente letrada tem cada uma...”
“A iniciativa foi tomada por Lúcio de Mendonça, concretizada em reuniões preparatórias, que se iniciaram em 15 de dezembro de 1896, sob a presidência de Machado de Assis (eleito por aclamação), na redação da Revista Brasileira. Nessas reuniões, foram aprovados os Estatutos da Academia Brasileira de Letras, a 28 de janeiro de 1897, compondo-se o seu quadro de 40 membros fundadores. A 20 de julho daquele ano, era realizada a Sessão Inaugural, nas instalações do Pedagogium, prédio fronteiro ao Passeio Público, no centro do Rio. (...) A Academia tem por fim, segundo os seus estatutos, a ‘cultura da língua nacional’, sendo composta por quarenta membros efetivos e perpétuos, conhecidos como ‘imortais’, escolhidos entre os cidadãos brasileiros que tenham publicado obras de reconhecido mérito ou livros de valor literário, e vinte sócios correspondentes estrangeiros.” (foi o que catei na Wikipédia, nosso ‘Aurelião’ virtual)
E ainda tem mais. Consta, nos anais da ‘senhora’ Academia, que, até 1977, a instituição era um verdadeiro “Clube do Bolinha” (quarenta homens reunidos, sem futebol? - alguém consegue imaginar?). Quem ‘quebrou’ a hegemonia masculina foi Rachel de Queiroz, que – não sei como – conquistou os votos dos “imortais” (vivos) na ABL da época, e entrou com tudo, sendo pioneira até na ‘moda feminina’ da ‘senhora’ Academia. Rachel de Queiroz – a nossa heroína (ela sacudiria a cadeira número 5, às gargalhadas, se pensasse nisso).
Talvez, quem melhor traduziu, recentemente, o “benefício” da ABL foi uma de suas ‘imortais acadêmicas’: a escritora Ana Maria Machado. Em entrevista à televisão, ela disse que “a maior vantagem de ser ‘imortal’ é que a Academia oferece o melhor plano de saúde que eu já conheci, cobrindo, inclusive, todo o custo funeral dos seus acadêmicos. Não darei despesas aos meus filhos e netos, o que já é uma grande coisa, se pensarmos nos valores financeiros”, concluiu ironicamente. Ana Maria Machado é “imortal”, mas continua viva, ocupando a cadeira número 1 na ABL, e chamando a atenção dos brasileiros. Eu já era fã dela – agora, mais ainda.
Pode ser que algum leitor incauto ainda não saiba - são “imortais” (vivos, claro!) da ‘senhora’ Academia: Nélson Pereira dos Santos (o único “imortal” no nosso cinema), Paulo Coelho (o ‘guru dos gurus’, que tem faturado mais que Bill Gates), e Ivo Pitanguy (o homem das ‘mil faces’, que “puxa, encolhe e estica” mais que a Xuxa). Agora, procure a poltrona mais confortável, sente, e segure essa: José Sarney também é “imortal” (será que o pessoal de Brasília está levando isso em consideração?). Depois dessa, vamos parando por aqui.
Ah, não dá pra esquecer as nossas companhias de cabeceira: Clarice Lispector, Mário Quintana, Mário de Andrade, Cecília Meireles, Oswald de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, Cora Coralina, e tantos outros. Todos eles morreram ‘mortais’. Para quem ainda não sabe, Lya Luft, Rubem Alves, Ferreira Gullar, e tantos outros, permanecem vivos e ‘mortais’. Alguns concorreram à cadeira da ‘senhora’ Academia, mas perderam, sabe-se lá por quê (o “voto acadêmico” é secreto, pelo visto semelhante aos “atos secretos” do Senado – ninguém sabe, ninguém viu). Quintaninha, inclusive, sentiu-se inspirado, quando recusado na ABL, e escreveu: “Todos esses que aí estão, atravancando o meu caminho – eles passarão... eu, passarinho”. Poeta é outra coisa: reconhece na ‘merda’, adubo para fazer poesia.
Cá entre nós, tudo isso, pra mim, cheira mofo. E os ‘acadêmicos’ ainda se tornam “imortais” (uma espécie de ‘deuses’, entre eles?). Sobre isso, lembro do comentário que ouvi, depois de explicar o significado da sigla ABL a um jovem lavador de carro: “Mas se eles se tornam imortais, tia, eu também quero entrar neste negócio”. E eu fiquei lá, na calçada, tentando esclarecer que os ‘acadêmicos da ABL’ morrem do mesmo jeito que nós – miseráveis ‘mortais’ -, mas tornam-se “imortais” na instituição. “Mas quem é que quer ser chamado de imortal, se morre do mesmo jeito, tia?” – deixou-me sem fala o lavador, que foi se afastando e repetindo: “essa gente letrada tem cada uma...”
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