sexta-feira, 10 de junho de 2011

Que nivel?

Antigamente - há pouco tempo, para um Brasil que tem pouco mais de 500 anos -, o termo “manter o nivel” pressupunha uma conotação de parametro (alto). Hoje, nem tanto, ou nada disso.
Se um pai, ou mãe, ainda ousa dizer “mantenha o nivel”, para um filho, ele (o filho) pode até questionar: Que nivel?... Isso, na melhor das hipoteses, pois o Brasil já tem lei, seguindo o exemplo dos Estados Unidos, que proíbe qualquer tipo de castigo, inclusive castigos moderados (a ‘famosa’ palmadinha, por exemplo), às crianças e aos adolescentes. Agora, é assim: pai, mãe, ou responsável dá uma palmada num filho, pode ser denunciado (a), e, quem sabe, até preso (a). Este é o nivel.
Quer mais?... Você quem pediu pra continuar lendo – por sua conta e risco.
Sempre se ouviu que “nada se cria, tudo se copia”. Até aí, tudo certo. Hoje, os diretores de programas de televisão acham estar (ainda) lançando algum “quadro inédito”. Exemplo? Um programa de uma hora, com a participação de pessoas do povo, num estudio, reclamando do marido, da esposa, dos filhos, dos vizinhos, da sogra, do escambau, numa baixaria inimaginável. Horrível?... Não. Isso é pouco. Os outros diretores de programas, de outros canais de televisão aberta, reinventam a mesma ‘merda’, mantendo o nivel da baixaria.
Ainda, sobre televisão: Os responsáveis (?) pelos noticiários perceberam que, quanto maior a tragedia, maior a audiencia. Azar o nosso – telespectadores passivos, cansados, depois de mais um dia de trabalho estressante, diante da televisão, na sala. Você pode pagar caro, dispor do maior pacote de tv a cabo do mercado, não tem saída: horário de notícias é sempre sangue escorrendo no tapete da sala. É desse jeito miserável, que todos os canais mantem o nivel.
Sobre a televisão, tem mais ainda – merecidamente, aliás, já que é o aparelhinho mais existente, nas moradias brasileiras (mais até que geladeira). Quem não gosta de, pelo menos, uma vez por semana, assistir um programinha humoristico?... Seja no canal que for, todos os programas de humor não poupam farpas e pedras. É ‘tiro para todo lado’. Tudo começou (pelo que lembro), com piadinhas contra politicos, mas agora o nivel baixou (sempre pode piorar) pra todo mundo. Ninguém escapa do humor desrespeitoso - nem colegas de trabalho, da mesma tv, ou até desconhecidos, que podem ser mendigos, bebados, desdentados, doentes mentais, ou tudo isso num ‘pacote’ unico. Só não chame isso de “humor negro”, por que ninguém merece – muito menos os afrodescendentes.
No que tange à televisão, o nivel tem nome: ibope. E nós, que até sobrenomes carregamos, não temos o direito de escolha, por que qualquer canal disponível acompanha o nivel televisivo.
Será que alguém ainda lembra da expressão “politicamente correto”?... Olha o que os politicos estão fazendo – não só em Brasília, mas até em Cacha Pregos – no interiorzão da Bahia. O pior é que os politicos politicamente corretos são, a cada eleição, uma minoria cada vez menor – ‘minguados’ idealistas. Este é o nivel atual, com tendencia a um desnivel sempre mais acentuado.
Não vamos tão longe. Permaneçamos dentro da nossa casa. Quando precisamos de um serviço (eletrico, ou hidraulico, por exemplo), o “tecnico” demonstra a maior tecnica (de “labia”), quando apresenta o orçamento de valor exorbitante. Se reclamamos, o dito ainda é capaz de dizer que não vamos encontrar serviço tão bom quanto o dele, ou mais barato. É esse o nivel de conversação, em qualquer contrato de serviço, sem direito a contraproposta.
Imagino que eu já tivesse nascido, quando ainda se falava em pecado – (quase) tudo era pecado. Alguém pecava, tinha de correr pra confessar ao padre, que, além da ladainha toda, impunha duras punições – sempre em nome do “Senhor”. Pois bem. Agora, ficamos sabendo – nós, pecadores mortais -, diariamente, que o nivel do (santo) clero, ao que parece, também baixou, chegando à pedofilia. No meio disso tudo, o Papa ainda discursa, do trono do Vaticano, que é contra o uso de preservativos (camisinhas) e contra a homossexualidade. Eis o nivel da “salvação”.
Você pode já estar desistindo de ler – não importa, continuarei escrevendo.
E ainda tem gente que insiste em “estufar o peito”, e falar de nivel – como se houvesse nivel exemplar (real) acima do pior. Não é pessimismo meu. Pelo contrario. É preocupação. Tem gente que fala mal da educação publica brasileira, por exemplo, encaixando, nos comentarios tendenciosos, a palavrinha nivel. Que nivel pode haver, na educação, que seja, quando já não existe mais familia, e os filhos são criados por uma maioria incapaz de fazer outra coisa na vida, e ainda se orgulha, tantas vezes, por cumprir trabalho escravo?... São esses mesmos filhos que tem os pais mantendo o nivel - lá fora, no mercado de trabalho -, de exploração e usurpação da honra, da dignidade, e de tantos outros valores esquecidos pela ambição.
É lamentável que alguns brasileiros, nascidos nesta terrinha abençoada, só falem mal do Brasil. Lamento, por que não é só o Brasil que sobrevive neste nivel absurdo. Não é o Brasil que sai, mundo afora, matando civis inocentes, em nome do poder economico, a troco de uns barris de petroleo. Não é o nosso pobre rico Brasil que impõe ditaduras retrogradas, em nome de uma maquiada democracia moderna e independente. Não é o nosso Brasil que fica 'aiatolando' o mundo, a nivel tão grotesco, bem mais baixo que o universo selvagem.
Posso estar errada, em tudo o que penso. Mas é este o meu nivel atual de compreensão, e incompreensão também – por que a maior fatia do que escrevi aqui, sinceramente, eu não sei compreender.

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