Por isso, por aquilo, ou por nada disso, vivemos uma realidade estressante, onde estressamos e somos estressados, o tempo todo, independente do lugar em que estamos. O pior é que a tolerancia é zero – ZERO mesmo. Se algum dia tivemos paciencia – no transito, nos ambientes de trabalho e estudo, com familiares e amigos -, hoje, nos afastamos, cada vez mais, de tudo que pressuponha tolerancia, tentativa de compreensão. A verdade é que ninguém mais ‘tá’ a fim de suportar coisa alguma – seja o preço que for, se tiver de pagar por isso.
Acho que recebemos contribuições (dos outros), e também contribuímos, para continuarmos intolerantes – até conosco mesmos. Todo mundo ‘tá’ de saco cheio – quem tem saco, e quem não tem. Até aqueles que se esforçam em ser tolerantes já não toleram mais. Por isso até, acho que muitas festas acabam em pancadaria, ou morte.
O interessante, pra mim, nisso tudo, é o fato de que as pessoas continuam transferindo - ou, pelo menos, tentando transferir – a responsabilidade das ‘merdas’ que cometem diariamente. Ninguém assume. Todo mundo fica ‘empurrando a responsa’ para o outro – sempre o outro. Foi o outro que ultrapassou o carro, no sinal fechado. Foi o outro que ameaçou com a arma. Foi o outro que esbravejou primeiro. Foi o outro que cometeu o delito. Quem acusa é sempre vitima em legitima defesa.
Enquanto cometemos, presenciamos e assistimos cenas grotescas, a intolerancia continua permeando todas as relações, todas as convivencias. E o respeito acaba sempre substituído pelo maior adversario: o desrespeito. Diante dessa ‘merda’ toda, nem dá pra pensar como ‘consertar’ tudo isso. Madre Teresa de Calcutá que me perdoe, mas não vejo saída. Tanto é verdade, que, muitas vezes, no meu cotidiano mediocre, esqueço até que, um dia, li a palavrinha tolerancia, em algum livro perdido. Mesmo estando numa roda de intolerantes, não posso responsabilizá-los, por isso. Sou eu que faço a minha escolha – e cada um escolhe ser intolerante, também.
Como se não bastasse a intolerancia vivenciada por cada (o cacofato é intencional) um de nós, ainda contamos com uma grande aliada, pra justificarmos a nossa impaciencia: a televisão. Independente do horario que a gente ligue o aparelhinho, só tem manchetes de intolerancia ZERO – exemplos humanos, pra nós, que nem planejamos mais qualquer exercicio, ou atitude contraria. Por impeto, também, os protagonistas das materias noticiosas exibem toda a intolerancia dos (nossos) tempos atuais – espelho fiel do mundo particular de cada ser humano(?). Quantas vezes, nos identificamos com a briga intolerante que assistimos –até comentamos: eu também faria isso, no lugar dele (ou dela). E ainda tem gente que pensa que só o brasileiro está sendo, cada vez mais, intolerante.
Essa historinha de Bullying, por exemplo, virou moda, começando nos Estados Unidos, quando um estudante, armado, invadiu uma escola, matando e ferindo colegas – o primeiro caso registrado desta intolerancia, no mundo. Volta e meia, em algum país europeu (“primeiro mundo”), acontece uma ‘quebradeira’ geral, consequencia da revolta de quem mora por lá. Um dia desses, inclusive, assisti uma reportagem que mostrava os moradores do centro de Barcelona jogando muitos sacos de lixo, no meio das principais ruas daquela cidade. A manifestação foi realizada, por que a coleta de lixo estava atrasada, e a população intolerante. Na Inglaterra, o povo “quebra o pau” (literalmente), contra a reforma na previdencia. Os gregos também vão às ruas, com toda tolerancia - imaginável e inimaginável. Também, no Peru (o país mesmo), um diretor de escola foi denunciado, por desviar verbas da educação. Não deu outra: os alunos da dita escola, numa demonstração de tolerancia ZERO, invadiram a sala do diretor, e espancaram-no. Torcidas organizadas também se esbofeteiam, e até se matam. Quer mais?... Os policiais (treinados pra “proteger a sociedade”) fazem parte do ‘grande show’, nos noticiarios: há sempre imagens de integrantes da policia espancando alguém – com ou sem algemas. Esses exemplos todos – a gente pode assistir, diariamente, pela televisão, lições e exemplos vivos de intolerancia crescente. No meio de tudo isso, há pessoas que procuram, na internet, videos que mostram brigas, e gargalham, divertem-se com a intolerancia alheia.
... e ainda tem gente que me chama ironica – eu?...
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