Meu pai sempre dizia que “é perigoso andar corretamente na linha, o tempo todo, por que volta e meia um trem passa” (ele era maquinista). Seu França falava também que “certamente, há uma luz no fim do túnel - o que é a salvação de muita gente, que ignora que por ali passe trem”.
Não acredite nas minhas palavras. Com isso, não quero te dizer que minto. Já falei que prefiro omitir a mentir. Mas não acredite nas minhas palavras – por que até eu as questiono, e amanhã (que pode ser daqui a dez minutos) estarei dizendo outras palavras, não mais essas. Minhas palavras são o meu caminho – não me levam a lugar algum, nem nunca me abandonam no meio do caminho. Minhas palavras me fazem companhia – e se revezam, e se contrapõem, e discutem, debatem, gritam, e silenciam.
Não acredite nas minhas palavras. Busca as tuas palavras – não sei onde podem estar, mas existem. Questiona tudo o que ouve, para não interpretar as palavras que não são tuas, e dar-lhes a vida que não seria delas.
Cada palavra tem significado especial, mesmo quando dita solitária, ou inconsequente. Cada palavra é única, e carrega, em seu vitelo, o grande segredo: dizer tudo, dizer nada.
Confia e desconfia das palavras que não são tuas. Saiba distingui-las – as tuas palavras -, em meio aos burburinhos, às balbúrdias, ao abismo silencioso. Quando inseguras, prematuras, recolha essas palavras, antes que, em ato selvagem, fujam para longe de ti, desarvoradas, derrubando palavras alheias e cheias de certezas.
Quanto às palavras alheias – carregadas de bem ou mal -, escute-as, respeite-as, mas não se apegue a elas. Como as tuas palavras, também as alheias são caminhos, e às vezes até levam a algum ponto final, ou beco sem saída. Não as acompanhe – por que não são tuas. E as tuas palavras jamais levarão o outro (seja quem for) ao teu caminho, por que, para o outro, tuas palavras já não são tuas palavras. Interpretadas, tuas palavras são palavras do outro. E o caminho por onde o outro segue também não é o teu, por onde te levam as tuas palavras.
Não creia nas minhas palavras – nem nas tuas palavras. As tuas palavras só são tuas, legitimamente, num único e precioso momento: quando ainda nem existem como palavras. De resto, será esforço teu querer socorrer-se em palavras que poderiam ser do outro, como forma de dizer as tuas próprias palavras, na malograda tentativa de palavrear o desconhecido. Por isso, o desentendimento, a interpretação diferente do que era para ter sido o conjunto de palavras tuas. Não o são. Mesmo se você expusesse as tuas trêmulas palavras, ainda assim, já não seriam mais tuas, diante do outro, com outras palavras.
Não acredite nas minhas palavras. Com isso, não quero te dizer que minto. Já falei que prefiro omitir a mentir. Mas não acredite nas minhas palavras – por que até eu as questiono, e amanhã (que pode ser daqui a dez minutos) estarei dizendo outras palavras, não mais essas. Minhas palavras são o meu caminho – não me levam a lugar algum, nem nunca me abandonam no meio do caminho. Minhas palavras me fazem companhia – e se revezam, e se contrapõem, e discutem, debatem, gritam, e silenciam.
Não acredite nas minhas palavras. Busca as tuas palavras – não sei onde podem estar, mas existem. Questiona tudo o que ouve, para não interpretar as palavras que não são tuas, e dar-lhes a vida que não seria delas.
Cada palavra tem significado especial, mesmo quando dita solitária, ou inconsequente. Cada palavra é única, e carrega, em seu vitelo, o grande segredo: dizer tudo, dizer nada.
Confia e desconfia das palavras que não são tuas. Saiba distingui-las – as tuas palavras -, em meio aos burburinhos, às balbúrdias, ao abismo silencioso. Quando inseguras, prematuras, recolha essas palavras, antes que, em ato selvagem, fujam para longe de ti, desarvoradas, derrubando palavras alheias e cheias de certezas.
Quanto às palavras alheias – carregadas de bem ou mal -, escute-as, respeite-as, mas não se apegue a elas. Como as tuas palavras, também as alheias são caminhos, e às vezes até levam a algum ponto final, ou beco sem saída. Não as acompanhe – por que não são tuas. E as tuas palavras jamais levarão o outro (seja quem for) ao teu caminho, por que, para o outro, tuas palavras já não são tuas palavras. Interpretadas, tuas palavras são palavras do outro. E o caminho por onde o outro segue também não é o teu, por onde te levam as tuas palavras.
Não creia nas minhas palavras – nem nas tuas palavras. As tuas palavras só são tuas, legitimamente, num único e precioso momento: quando ainda nem existem como palavras. De resto, será esforço teu querer socorrer-se em palavras que poderiam ser do outro, como forma de dizer as tuas próprias palavras, na malograda tentativa de palavrear o desconhecido. Por isso, o desentendimento, a interpretação diferente do que era para ter sido o conjunto de palavras tuas. Não o são. Mesmo se você expusesse as tuas trêmulas palavras, ainda assim, já não seriam mais tuas, diante do outro, com outras palavras.
És só. Com ou sem palavras. Também o outro é só. Com ou sem palavras. E não há palavras que nos tire da solidão do existir. Cada ser humano é uma palavra única – nunca descoberta, nem por si mesmo. Assim, absorve e devolve palavras emprestadas, que transitam amiúde, enquanto os sentimentos abrem caminhos só percorridos pela alma humana, na companhia da solidão sem palavras...
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