São tantos os momentos em que não há a menor possibilidade de discussão... Um dos piores é quando você já foi ouvido, lido, mal interpretado, e recebe a conclusão do outro, sem qualquer pergunta previa. Sem discussão – mesmo (às vezes até para todo o sempre, que, se não existe, parece valer por muito tempo, que também não existe).
Sem discussão, você fica mudo (a), estupefato (a) até. Não importa. Você pode espernear, ou ficar na “posição da vaca (cagando e andando)”. A sentença já foi dada, e não há processo judicial, para você recorrer. O “veredito” é a guilhotina – sem discussão. Se você ainda quiser discutir, fará isso sozinho (a). Por que já ninguém mais te escuta – se ainda te ouvissem, talvez, te interpretassem pior.
Quando me apercebo, diante de uma situação inevitável dessas, sei que não existe minima possibilidade de discussão. Por isso, nem recorro à tentativa de dialogo – no máximo, um monologo desnutrido. Também eu me sinto a ré, diante da guilhotina. Se me dão direito a uma ultima frase, apenas penso: Quero mandar um beijo para o meu pai, a minha mãe, e a Xuxa (claro!). Por que nada mais há que ser pensado, muito menos dito. Sem discussão.
Tem gente que confunde discussão com briga. Pra mim, como pra (quase) toda gente, inclusive, o velho e bom “Aurelião”, discussão é debate, instante de tentativa de compreensão mutua. Acho que discussão não é troca de ideias – se fosse, nessa troca, alguém sairia perdendo. Mas, na pratica, as pessoas também confundem muito discussão, e acabam brigando – mais ainda. Por isso que ninguém se entende. Sem discussão.
Se um defende a si mesmo, obviamente que o outro, pra acompanhar o ritmo, vai defender a si proprio também. Mas isso não chega ser discussão. Aí, é qualquer outra coisa: concorrencia de egos, exposição de feridas, ou seja lá o que for. Concurso não é discussão. Nem ponto final faz parte de discussão – no maximo, uma virgula, um pontinho e virgula, um ponto de interrogação, e até dois pontos, nova linha, travessão. Discussão, na minha visão estrabica, é cada qual preocupar-se mais em ouvir que falar, e, antes de interpretar, questionar o outro, esperar e buscar compreender as respostas. Esse “quebra-pau” que, a gente sabe, acontece diariamente não é discussão. É “quebra-pau” mesmo. Só isso.
Houve um tempo (há muito tempo) em que se dizia que pessoas civilizadas sabiam discutir. Os tempos mudaram; as pessoas também. Hoje, pessoas civilizadas já não sabem discutir. E discussão mesmo só cabe em dicionario. Talvez, por que discussão dá muito trabalho. Sem discussão é melhor, principalmente, quando ninguém sabe de ninguém, nem de si mesmo – nem quer saber.
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